Aquele momento em que a tua pantufa se enrola no tubo do
aspirador e tu quase tropeças e na ânsia de agarrar a pantufa com o pé aquela puta
de merda salta, tu enfias o pé no meio do emaranhado tubo-pantufa -gato vindo
não sei de onde-tapete-aspirador, estatelas-te no chão, naquele momento em que,
enfaixada no pavimento flutuante com os queixos no chão e a pantufa-puta-de-merda
ali, mesmo ao pé do teu nariz. Sabem?
Aquele momento em que com o nariz a pingar imploras que te
deixem estar por 5 minutos sossegada, e em vez de te deixarem sossegada a
dominar a cascata que te jorra pelas narinas te pedem mil coisas: “Ó
mãeeeeeeeeeeeeee! Ó julieeeeeeeeeeeeeeeeee!”E ainda te acusam de seres uma
descompensada que por tudo e por nada gritas feito louca! Aquele pingo ali a
pender das narinas, aquela comichão infernal entre a entrada do nariz e o mundo
desconhecido por ali acima nas fossas nasais, um espirro eminente, aquela
comichão… Ó mãeeeeeeeeeeeeee!... Ó julieeeeeeeeeeeeeeeeee!... aquele espiiiiiiiiiiiirrrrrrrrrTCHUUUUUM
ATCHUUUUUUUUUUUUUUUM! PORRA PÁ. Ranho por todo o lado. Sabem?
Aquele momento, PELO QUAL NINGUÉM QUER PASSAR! ISTO DIGO-VOS
EU! Em que sentadas na sanita, a fazer o que a natureza vos programou para
fazer, percebem que a vossa filha de 6 anos abriu a janela, AQUELA JANELA COM O
PUXADOR QUASE NO TECTO, AQUELA JANELA QUE JÁ TANTAS VEZES ESTUDADA VOS ÍA DAR
MAIS UNS ANOS DE DESCANSO… AQUELA JANELA,
onde a vossa filha está agora debruçada a gritar e a chamar pelo pai,
que da rua julga que eu estou por trás… E EU, ESTA QUE VOS FALA, está sentada
na sanita, na retrete, no trono real, aos guinchos, enlouquecida e que sabe que
decisões difíceis têm que ser tomadas e levanta-se, ASSIM MESMO (e esta parte
fica à vossa imaginação, caras pessoas! Ó se fica!) e corre pela casa, aos
berros, tresloucada, e salva a filha de se estatelar lá em baixo. Sabem? Isto nem
queiram saber. É de endoidecer o Dalai Lama. Esqueçam esta!
Aquele momento em que cheias de fome, após estarem horas a cozinhar
um pitéu, decidem provar o cozinhado e, LAMBONAS QUE SÃO, ABOCANHAM a colher de pau e queimam a língua, e ANULAM
qualquer hipótese de pelo menos nesse dia qualquer refeição vos saber bem ou na
melhor das hipóteses tudo o que comerem nesse dia vos saber a cartão prensado. Sabem?
Aquele momento em que a senhora da Remax acredita piamente
que a casa que estão a visitar está com fantasmas e começa a correr escada
abaixo e já na rua com a chave encravada na fechadura do portão vos roga: “Não
ME DEIXE AQUI sozinha!”. E vocês em vez de acalmar a senhora riem com ar de Beetle
Juice. Sabem?
Eu sei.
E assim de repente, reparo em mim um pouco mais BeetleJuiciana.
Boa semana, minha boa gente.