Ai pessoas, têm sido dias de muito trabalho. Agora parece
que acalmou. E é sempre assim. Sempre que tento avançar com uns quantos sonhos
que guardo na gaveta e penso agora é que vai ser pumba, toma lá trabalho a
dobrar. Sim, estiveste dias a anhar, à espera que surgisse alguma coisa, até as
moscas ouvias, para cima e para baixo, zzzzzzzzzZZZZZzzzzZZZZ, agora não te
queixes.
E pessoas, o problema é que é sempre assim há anos, nunca
sei se, onde, quando, quanto trabalho vou ter. Isto porque o meu trabalho, sim
o meu trabalho, não, não é a loja, sim eu trabalho noutra coisa e sim é de
grande responsabilidade, e parte de quem trabalha comigo nesse trabalho nem
sonha a vida paralela que levo, com loja e velharias e blogs e fotografias, sim
fotografo, e sim ainda está tudo na gaveta, e sim esse é um dos meus sonhos, e
sim já me calava, e não, o outro trabalho não é nada criativo, e sim eu até
gosto de o fazer, e não, não me estou a queixar, e sim talvez tenha chegado a
altura de mudar, e sim eu quero perseguir os meus sonhos, e sim é tão difícil,
e não, não quero desistir, mas sim tenho contas para pagar, e não, não sei bem
por onde começar e sim, eu sei que é pelo início.
Então voltando ao início.
Têm sido dias de muito trabalho. Muito trabalho. 2 crianças.
2 gatos. 1 marido. 1 casa. Pilhas de roupa húmida que nunca seca. Pilhas de
roupa acumulada. Se não são 3 máquinas de roupa para ser estendida por todos os
cantos secos da casa são pilhas de pijamas, de partes de pijamas, de pares de
meias, de casacos, de sapatos, tantos sapatos por todo o lado, pilhas de loiça,
a suja e a lavada, o chão por varrer, o chão por aspirar, as janelas a
denunciarem dias de chuva intercalados, jantares para fazer, O QUE FAZER? Todos
os dias massa ou arroz, arroz ou massa, maçãs cortadas, copos de água, camas
por fazer, vou só puxar as orelhas à cama, tudo, tudo, tudo, tudo. E quando
tudo parece estar na ordem eis que volta tudo ao início.
Então voltando ao início.
Ou dou o grito do Ipiranga e escafodo-me* ou deixo-me ficar
com mil cenas e arranjo mais uma e é o caos e aí… olha, pois é, escafodo-me* de
qualquer maneira. E depois de escafodida* o que acontece? Volta tudo ao início.
Então voltando ao início.
Têm sido dias de muito trabalho e por isso temos andado
arredados mas eu e o Afonso temos altos planos para este ano. Ainda não sabemos
bem o quê ou por onde começar… olha talvez pelo início…
Então voltando ao início.
Sou só eu que me sinto assim no início do ano ou é uma cena
geral? Parece que devemos tudo ao ano novo e que não podemos falhar, e desta é
que vai ser, e o peso nos ombros é tão grande que rapidamente os joelhos cedem
e começamos a rastejar nos caminhos já percorridos e de repente estamos a meio
do ano e nada, só aquela angústia, e de repente é verão, e deixa lá, e depois
as castanhas e a água pé, e depois o natal, e de repente, num piscar de olhos
voltamos ao início?
E é ano novo outra vez.
Ai pá a sério a ver se é desta! Deixem-me só descobrir por
onde começar e logo vos digo como será, aguardem que é para seguirem tudo desde
o início.
E já agora, pessoas, bom início de fim-de-semana!
*Parece que o correcto é ESCAFEDER, mas olha que "sa f***a", apraz-me dizer!