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25.2.13

Relincha, Marília!


Fui à IKEA a semana passada. Comi almôndegas. Gosto das de lá. Aquele molho, o puré, o doce. Na semana passada, no entanto, souberam-me a estranho. A carne tinha um sabor entre cú-de-galinha e tetas-de-vaca. Empurrei as últimas com grandes goles de água. Jurei que tão cedo não irei comer estas almôndegas. Comentei com o Gil. "Olha vê lá se não tinham carne de cavalo!". Rimos e abanamos a cabeça. Os suecos? Não. Hoje a ouvir as noticias na rádio: " A IKEA Portugal por precaução vai retirar do mercado as almôndegas, visto o fornecedor ser o mesmo da polémica e blá blá blá...! Aquele sabor de coisa entre cú e tetas veio-me outra vez à memória e blhac! BLHAC!

Relincharei a partir de hoje? BLHAAAAC!

(PS: eu nem estava assim tão horrorizada com tanta polémica, uma vez que carne de cavalo sempre se comeu e maisnãoseiquê... pois, OKAI, mas eu não a pedi! BLHAAAAC!)

22.2.13

Chuva. 2 Crianças. Mãe. Carro estacionado no passeio em frente ao colégio.


Chuva. 2 Crianças. Mãe. Carro estacionado no passeio em frente ao colégio.

Chove torrencialmente. Mãe e filhas paradas em frente ao edifício do colégio. MEGA ATRASADAS! Mãe olha  para trás…

PRIMEIRO DESCABELAMENTO DO DIA: Descalças. Casacos todos no chão. Um emaranhado de casacos, cachecóis, lancheiras, saco do ballet, livros, migalhas, coisas (cultura de coisas! tipo estufa, sinceramente não sei o que pode crescer dentro do nosso carro, mas tudo é possível, qualquer dia aparece lá um pé de feijão e eu nem vou estranhar). Mãe aos gritos!

Alguém dá um pum! UM PUM! Toda a humidade que se sente no ar e um pum! O cheiro a entranhar! Tudo espalhado! O cheiro a pum! A mãe reza para que seja apenas um inocente e muito MALCHEIROSO pum! Que, em nome de Deus e dos apóstolos e do Papa desertor, não tenha terminado em mega presente! Daqueles escorregadios que atacam tudo e nem camadas e camadas de roupa que travam a sua procura de liberdade! Ufa! Não se confirma! É apenas um pum! Um inocente e muito MALCHEIROSO pum!

SEGUNDO DESCABELAMENTO DO DIA: Mãe sai do carro, monta o guarda-chuva em modo chapéu-de-sol equilibrado no tejadilho, e começa a calçar e a vestir a primeira criança. A chuva grossa entranha-se-lhe pelas costas, pela cintura das calças, as calças do Gil (sim eu roubei umas calças ao meu rico marido!) porque hoje foi dia histérico, foi manhã em modo NÃO TENHO NADA, NADA, NADA, PRA VESTIR!  E lá veio esta mãe feliz e contente com as calças do marido, sem comentários por favor que a chuva entranhou-se-lhe até às cuecas!

TERCEIRO DESCABELAMENTO DO DIA: a chuva entranhou-se-lhe até às cuecas e chegou ao rabo! Fria, gotas grossas, a descer… até ao rabo!

Não preciso dizer que se há 3 chapéus-de-chuva no carro e, na impossibilidade de levar tudo ao colo e mais um chapéu para cada, se há alguém que vai ficar molhada, despenteada, com cara de Pinto-Felisberto-miserável-desgraçado, a escolha obviamente recai na mãezinha!

Primeira criança entregue. Já nenhuma esperança por parte desta mãe na sua trunfa esticadinha ontem, antes da mini tempestade de ontem, antes de esta POBRE mãe saber que ía chover, se não, não tinha esticado esta coisa frisada! (frisa cabra, frisa, que eu nem me vou ralar… com as cuecas molhadas quem é que se preocupa com penteados?).

QUARTO DESCABELAMENTO DO DIA: Tentar sair do carro com a criança mais pequena… inglório… ai as cuecas molhadas… ai a chuva… ai o CAMANDRO! ESQUECE JULIETA EMÍLIA! “JÁ FOSTEEEEE”!

Eu gosto de dias de chuva. Um dia saio de casa toda equipada e gozarei um dia de chuva à GRANDE, conquistarei cada poça que encontre no meu caminho! Isso é que vai fazer um fartote! As galochas já as tenho!

Hoje ainda não foi o dia!

E para o fim de semana “ele” (OUTRO POST, NUM BLOG PERTO DE SI, NÃO PERCA, SABERÁ TUDO SOBRE “ELE”, QUEM QUER QUE SEJA!) diz que chove?

Bom fim-de-semana, mães e pais e avós e todos os que hoje têm as vossas cuecas molhadas, mas as vossas crianças imaculadas de secas nas escolas!


21.2.13

Ai posso, posso!


Um velhote estaciona em frente à GARAGEM do meu prédio. Vai para o Continente comprar bananas e quando se digna a voltar, chama-me incoerente. Não havia lugar quando ele chegou e não foi de cerimónias e estacionou ali mesmo. Defende-se dizendo que não tem nada que saber que ali é uma garagem, e torna a chamar-me incoerente perante as minhas queixas de estar ali há séculos à espera que sua excelência comprasse as bananas, eu e mais 3 carros. INCOERENTE! Engulo. Nem boa tarde, nem boa noite, adeus ou vai-te embora!

Uma velhota na rua agarra-me o braço e pergunta-me se é segunda-feira ou terça-feira. Respondo e em segundos os meus olhos estão pregados no bolso do casaco da baralhada senhora. 3 Dentaduras reluzentes espreitam a minha cara de qué-lá-isto? Bhlaaaaac! Olho para a boca e outra dentadura reluzente agradece-me a informação. Saio dali a pensar se esta senhora com um ar inocente anda aí a fanar dentaduras… hum, baralhou-se com os dias, pode bem ter-se baralhado com as dentaduras que se foram cruzando no seu caminho. Então boa tarde. Boa tarde! Bhlaaaaac!

Entram na loja e fazem-me uma pergunta. Respondo. Como não respondo o que querem ouvir ou o que imaginavam ser a resposta negam a minha resposta e insistem. Na, na, na, isto é assim…Respondo. Insistem. Respondo. Insistem. (BuuuuuuuFO) Respondo. Tornam a insistir. (FODAhífenSE) Calo-me. Insistem. Faço má cara. Insistem. Viro as costas. Tornam a perguntar. (1, 2, 3…inspiraaaa) Finjo que não oiço. Então boa tarde. Boa tarde! Irraaaaaaaaa!

Uma pessoa. Simpática. Fala. Fala muito. Estridente. Com mil histórias para contar e partilhar. ESTRIDENTE. Blá, blá, blá! ESTRIDEEEENTE. Aguento e sorrio. Esta pessoa não quer ouvir nada do que eu tenha para dizer. Quer apenas uma ouvinte. Blá, blá, blá. ESTRIDENTE. Entusiasma-se a falar dos filhos… já das noras… ESTRIDENTE! Aguento… aguento… aguen… até quando aguentarei? sos… SOS… aguento… ESTRIDENTE… Nhó, nhó, nhóoooo! Então boa tarde. Boa tarde! Irraaaaaaaaa!

Faço uma visita a uma casa. Vazia. Contencioso. O que não prestava ficou. Avanço casa dentro. Comichão… Acendo e apago luzes… Comichão… Tiro fotografias…Ai queres ver isto! PULGAS! Comichão! Comichão 3 dias a seguir de comichão! Muita comichão… mais não fosse só pela sugestão! Argggggggggggg!

Uma senhora na loja quer comprar um lenço dos namorados. Entra e tem 3 à escolha. AI este não eu quero! Não tem erros! Ah ah ah Ah Ah Ah AH AH AH Ah ah ah Ah Ah Ah AH AH AH! Acho que cheguei mesmo a rir com sons de porco! Ah ah ronc, ronc, ah, ah! A senhora olha para mim com aquela cara de terei-entrado-nalguma-associação-de-ajuda-a-malucos-e-não-dei-por-nada-ou-esta-mulher-está-a-beira-de-um-ataque-de-nervos? Contei-lhe da história da Mulher Irada II e dos erros nos lenços dos namorados! Ah ah ah Ah Ah Ah AH AH AH Ah ah ah Ah Ah Ah AH AH AH! Não percebeu lá muito bem, mas aceitou a minha barrigada de riso! Ronc, Ronc, ah, ah, ROOOONC!

 Posso? E eu posso, pessoas?

Perante isto, pergunto: Calmantes? Ioga? Putas e Vinho verde? Caminhadas a pagar promessas? Porrada no lombo? Inspirar e expirar? Contar até dez? Blasfemar? Meditar? Gritaaaaaaaaaaaaaaar?

Posso? Ai posso, posso. Porque vivendo num país onde existe “Um Pessoa Relvas” no poder, E POR LÁ SE MANTEM (COMO? COMO?), então posso. Ai posso, posso!


18.2.13

Carta aberta ao Gaspar.

Gaspar,
Tenho que te agradecer esta coisa das facturas. Tornaste-me uma pessoa diferente. Fizeste de mim a verdadeira empregada de balcão. Quando deixar as Sirgarias e Passamanarias, qualquer balcão de pastelaria será dominado na perfeição por mim. O Tinhoso ali da pastelaria de baixo que se cuide, que eu estou na corrida para a categoria de “empregada de balcão mais engraçadinha do bairro”.
Dou por mim a agarrar no livro das facturas e, perante a impaciência dos clientes com a minha aparente lentidão e desvairados contigo, Gaspar, que os obrigas a pedir este frete em cada loja que vão, soltam-se-me da boca, voluntariamente palavras sábias e graçolas tão engraçadas como: “Ah, ah, qualquer dia serei mais rápida que uma registadora!”
Ninguém se ri, Gaspar. Na maioria das vezes fazem-me repetir a graça, e a coisa já me sai arrastada, e isso é triste Gaspar, ter que repetir piadas quando a audiência já de si é sisuda. Sabes como é, não sabes Gaspar? Sisudos, são-te familiares, não são Gaspar?
Sabes que isto aqui às vezes é pró parado, portanto é muito divertido ver a “reacção à factura!”. Temos de vários tipos:
Os atinadinhos, que são apenas pequenitos Gaspares: “Eu quero a minha factura, se fizer o favor!”
Os revoltados, que, de bom grado, te farão um levantamento de todos os buracos por onde te enfiar a factura:”Eu quero é que o Gaspar meta a factura… está a perceber, menina?”
Os engraçados como eu, que levam tudo na boa: “Ai, a factura, ah, ah, ah, dê cá, dê cá não vá aparecer por aí o fiscal, ah, ah, ou alguém vê e faz queixinhas, ui, ui! Medo! Ah, ah!”
Os que sabem como isto vai acabar, de certeza, certezinha: “O que eles estão a arranjar com isto é que as pessoas vão ser ainda mais ardilosas e vão arranjar maneira de contornar tudo, ai vão, ai vão, EU estou a avisar, não venham depois dizer que EU não avisei! EU cá estarei para ver!Ó, ó, ó!”
Os surdos-mudos-tontos-pitosgas-mãos-largas-pardais-ao-ninho:” Hã? Quê? Ó menina, guarde para si, guarde para si!”
É isto, Gaspar. Obrigada. Animas-me os dias cinzentos de Inverno. Quem diria que uma factura podia fazer tanta diferença. Cada cliente é uma surpresa. Obrigada. É tanta a alegria e inspirada por outros cidadãos, aqui vão umas palavras cantadas para ti. Tu já viste isto, vais-nos tornar um país de cantores! Tu e o Passos! 1, 2 e 3, cá vai disto pessoal:
Eu vou comer, comer, comer
Tremoooçooooooos e coratooooooooos!
E eu vou pedir, pedir, pedir a facturaaaaaaaaa!
Eu vou cortar, cortar, cortar, o cabelo na Doona Isauraaaaa!
E eu vou pedir, pedir, pedir a facturaaaaaaaa!
Eu vou comprar, comprar, comprar, 3 alfinetes, 1 rabanete, 1 sardinha, 1 carapauuuu e 2 limõeeeeeees!
E um pau pra te dar nos… õeeees!
Todos juntos!
Õõ õooooes! Ões! Ões, ões, õeeeeeeeeees!
Laráráraiiiiiiiiiiiiiiii! Larái larái laaaaaaaaaaaaaaráaaaaaaaaai!
É isto, Gaspar!
E é isto gente, a cantar é que o povo se entende!
Todos juntos! Essas mãos no ar!
Õõ õooooes! Ões! Ões, ões, õeeeeeeeeees!
Laráráraiiiiiiiiiiiiiiii! Larái larái laaaaaaaaaaaaaaráaaaaaaaaai!

15.2.13

Rosno!

Quando uma caldeira avaria isso é sinal de muito mais do que apenas uma avaria no sistema de aquecimento de toda uma casa.
Quando uma caldeira avaria isso é só o começo da catadupa de acontecimentos numa casa de 4 humanos e 2 gatos.
Liguei a água e nada. Esperei e nada. Suspirei e nada. Lembrei-me que podia existir um problema na caldeira e logo afastei esse mau pensamento. Exasperei e nada. Bradei aos céus e nada. Nicles. Porra nenhuma de água quente.

Em 5 minutos passou-me à frente dos olhos o que isto iria ser.

A caldeira adoentada só aquece água se estiver o sistema do aquecimento central ligado. Menos mau!
Menos mau se eu, pessoa preguiçosa, a quem o cérebro frita, estala, desliga, de cada vez que o Gil me tenta ensinar como ligar e desligar a caldeira, estivesse atenta durante as lições. Gente, eu até sou engenhocas e não preciso de homens para resolver dramas domésticos. Sou boa com o berbequim e sempre me safei com tudo o resto. Já a minha relação com a caldeira tem sido de desprezo, tu aí, eu aqui, aquece-me os dias mas não me exijas atenção, grata!

Agora, porra, lixei-me bem lixada, pá!

A amorosa da máquina só liga quando chega a hora.… Está programada a santinha! Aquela santa é tão esperta que está programadinha por meu rico marido… Com muita pena minha, a grande fofa  só não está programada com a vontade de fazer cocó da criança da casa que ainda usa fraldas.

E será necessário dizer que ontem o cocó subiu pelas costas da criança? E que eu estava sozinha a meio do jantar? Com tudo ao lume? E será necessário dizer que toda a criança tinha que ser lavada e bem esfregada para que aquele pivete e aquela massa castanha a libertasse? Não é pois não? Pois não.

A criança teve que ser lavada com água fria. Ó mãeeeeeeeeee está fiaaaaaaaaaaa! Muito fiiiiiaaaaaaaa!

E a loiça que não vai à máquina? E a caixa dos cocós dos gatos? E tudo, e tudo e tudo o que necessita de água quente? VELHACA! PREGUIÇOSA! CALDEIRA, O RAIO QUE TE PARTA! Desabafei, minha gente! Desabafei!

Isto faz-se máquina dos infernos? Só penso em martelos… porque será? ROSNO! Pareço um cão de fila!
Grande malvada, será porque tenho tomado banho de água morna… fria… morna… quente… a ferver… fria… morna… morna… AI ONDE ESTÁ O MARTELO? ROSNO! 
Fodahífensefodahífensefodahífensefodahífensefodahífensefodahífensefodahífense… fodidinha que estou… Mas de banho tomado! Não me vencerás!

Os meus vizinhos já devem saber de tudo… ouve-se tudo na casa de banho… de lá para cá… de cá para lá… Fuck! A quem pensarão que eu darei com o martelo? Estou tão tramada se um dia precisar deles como testemunhas abonatórias… tão tramadinha…

Por isso agora quando grito impropérios, a meio da loucura chego-me ao exaustor e blasfemo, blasfemo, para não pensarem que sou desvairada de todo: “Eu vou buscar o martelo! Juro! Dou cabo de ti! Ó Caldeira! Tás “óvir”? Caldeira de um raio! Martelo-te e é já!

Note to self: Ups! Saberão os meus vizinhos que nenhum de nós cá em casa tem o apelido Caldeira? 

Um fim-de-semana quentinho minha gente, é o que vos desejo!

11.2.13

Coisas

Apontamento 2:52

"There is beauty in everything just not everybody sees it."
(Andy Warhol)

 
Adoro coisas. Coisas que já ninguém quer.
Pelo-me por uma boa descoberta. Seja no lixo, numa loja de artigos de 2ª mão, numa feira, o que for.
Coisas às quais já ninguém acha piada ou coisas que ainda muito poucas pessoas descobriram que afinal… ah afinal isto pode vir a ser muito interessante!
O meu cão de loiça, o Afonso, é uma destas coisas. Durante muito tempo gozei muito com quem tinha cães de loiça em casa. Dos grandes. Tipo Dálmata. A cara do meu Afonso. Há poucos anos dei por mim a achar que giro, giro era ter um em casa. Em modo contraste. E demorei que tempos a encontrá-lo. Quando o vi numa loja de artigos em 2ª mão não pensei duas vezes e trouxe-o comigo. O nome foi da responsabilidade minha filha mais velha e assenta-lhe na perfeição. O Afonso faz parte integrante da nossa casa e assenta como uma luva na nossa sala.
Agora ando à caça do flamingo perfeito. Sei onde se vendem em Lisboa mas os preços são disparatados. E eu quero um vintage, não pode ser qualquer um, tem que ter patine e um tom de rosa especial. Hei-de conseguir.
Como tenho um plafond muito curto, tenho mesmo que me dedicar à caça da pechincha, porque hoje em dia há lojas em Lisboa de sonho, com tudo o que eu adoro, uma das últimas que abriu é a loucura, ainda não visitei fisicamente, já lá passei de carro e espreitei, mas pelo site tenho a certeza de que se lá fosse havia o perigo iminente de desatar a gritar qual fã perante o seu ídolo. Agarrar-me aos cabelos e tudo.
E gosto de coisas fora do senso comum, gosto que a minha casa seja diferente das outras casas, exactamente pela escolha que faço dos objectos. Gosto desta minha sintonia com outro comprimento de onda. Aliás gostava até de ser bem mais arrojada. Serei paciente porque um dia vou ter a casa ideal para dar largas à imaginação. Até porque tenho uma arrecadação a abarrotar de coisas que quero trazer à luz do dia, para as quais não tenho mais espaço.
(continua)

8.2.13

O que fazer quando se tem 2 pirosas?

Agradar às meninas, claro está! Depois de uma semana dos infernos em comportamento infantil, depois de muitas ameaças de que não iriam mascaradas para a escola, depois de terem andado às turras (leia-se pontapés nas canelas!) uma com a outra, PORQUE A MERCÊS Tem rosa e eu não... E eu NÃAAAO!

E o mundo é muito injusto se não for em tons de rosa, não acham? As minhas filhas e descabelam-se por isso!
SANTA PACIÊNCIA! SAVE ME! MÃE em pesadelo monocromático!

Durante a sessão de pugilato "tu tens e eu não tenho e rebéubéu béu béu" e de mais umas ameaças de que não iriam a lado nenhum, eis as duas criaturas na fotografia possível logo pela manhã! Uma emburrada e um sorriso amarelo, uns doces!

O que eu queria mesmo era tê-las vestido de presidiárias, às riscas azuis e brancas e um número no peito mais uma bola agarrada à canela (Queria ver se dava em pontapés!) mas desisti perante a visão futura das duas adultas na sessão de psicoterapia dedicada ao tema "A minha mãe era uma bruxa e tal..."

Até que ficaram fofinhas com o que se arranjou cá por casa!


7.2.13

Tem o pescoço gordo é?

Pois que hoje cortei o cabelo. E ficou bem. E a cabeleireira não era parva, chata, molenga, não era dona de um cabelo de fugir, tinha um discurso coerente e pasmem-se gostou da ideia que eu levava fotografada no telemóvel e até era bem simpática.
É por isso que este é um post ao contrário. Hoje estou toda elogios. Que cá esta vossa amiga quando gosta brada aos sete ventos.
Quando entrei ainda ía pró tremeliques, que a minha pontaria com cabeleireiros, salões de beleza e afins é certeira e de repente vejo-me no faroeste em dia de tempestade de areia. Isso hoje não aconteceu. UFA!
Claro que não começou bem, e houve mesmo aquela altura em que eu pensei: “Pira-te! Pira-te! Paga meia lavagem de cabeça e desanda daqui para fora! Dá corda aos sapatos, JulietaEmília, go!”.
Ora que me sentei na cadeira das lavagens. Encostei a minha cabeça à pia (?), aquele bidé (?) para cabeças que tem um enorme defeito ergonómico o qual ainda ninguém resolveu.
Ora que logo após segundos já estava toda dormente, com uma dor nas costas gritante, prestes a espernear. E eu não sou piegas e muito menos “cuninhas”!
-Ai desculpe, mas eu estou cheia de dores… não vou aguentar… mimimimi… mimimimi!
- Ah isto é pouco ergonómico de facto, mas… você tem o pescoço gordo é?
Ó pessoas, só me deu para rir. Isto é apenas a confirmação da minha sina, da minha cruz, do meu karma, do meu destino. Ó altissimo do céu, da terra ou do inferno, o que é eu ando a pagar para me cruzar com “certas e determinadas pessoas”? Pescoço gordo? Yá, ó minha, é gordo é!
Lá me fizeram um chouriço para me acalmar as dores e para me manterem sentada, porque eu já estava disposta a mudar de posição e pôr-me de joelhos, rabo para o ar e cabeça enfiada na tina(?).
A pessoa das lavagens de cabeça era vigorosa e esfregou-me a cabeça à séria, molhou-me toda e algures a meio do esfreganço lançou-me uma mão cheia de creme amaciador para o nariz, olhos, bochechas…  tudo bem, pessoa, tudo bem, não faz mal, no fim limpa-se…
-Ai, não, limpa-se já!
É escusado dizer-vos que uma mão de luva de borracha, ENCHARCADA, me apertou a cara toda (É esta a sensação das crianças quando as assoamos! É isto! DESCULPEM, filhas! Agora sei!) e limpou tudo. Limpou e molhou, porque por mim abaixo escorreu um fio de água, grosso, gelado…
- Pronto já está!
Não está, cara senhora das lavagens, não está! Mas deixe lá isso! Que a esfrega que me deu deixou-me o cabelo num brinco! `Brigados!
A dirigir-me para a cadeira dos cortes ainda ouvi um diálogo de cortar à faca… pira-te Julieta! Paga a lavagem completa e pira-te!… um ex marido, e uma mulher, e o tribunal, e o diabo a cem, e TEMI, temi pelo meu cabelo, trunfa desgovernada, geneticamente correspondente ao abominável homem das neves, mas meu, e de preferência em condições… temi, porque este mundo das escovas está pejado de mulheres sofridas! E eu…bem comigo é o que se sabe, atraio cenas, por isso no cabeleireiro pio sempre baixinho, mulheres de tesoura na mão…CUIDADO!
Hoje correu bem e eu saí de lá virada para a direita, que isto de usar risco à esquerda foi chão que deu framboesas (eu sei… uvas e tal! Gosto de inovar).
Pessoas, hoje estou que nem posso com o meu cabelo novo! Giro vai ser quando eu o lavar, quando este emaranhado de fios secar ao ar em dias que saio de casa ainda a fechar os botões da camisola, porque o tempo que sobra PARA MIM de manhã é igual a zero vírgula cinco segundos, milésimos de coisa para uma mãe de duas crianças (E AINDA ME DIZEM DESPACHA-TE! Outro post, gente, outro post, querido marido!), aí teremos outra conversa. Hoje está muito fixolas!
Boa quinta-feira, cabeleiras amigas!

5.2.13

Salut!

Há uns anos (MUITOS, fazendo bem as contas… MUITOS!) estava eu sossegada a caminho da Universidade, ao volante do mítico “Queijolas”, Peugeot 205, quando começo a ser perseguida.
- Ó diabo, tu queres lá ver este tipo!
Pé no acelerador, “Queijolas” a prego-a-fundo, o que equivalia a uns valentes 35km à hora, VRUUUUUUUUM! O tipo a par comigo, VRuUM! Começa a apitar e a acenar! Ó Juliiiiiiiiiiiiiii! Ó Juliiiiiiiiiiiiiiiiiiii! PIIIIpiiiiiiiiiipiii pipi!
- Ó cromo baza, mas quem é este tipo? Ó valha-me a Santa!
- Ó Juliiiiiiiiiiii! “Atão”? Tudo bem! Ah Ah Ah!
O tipo não desistia! Vrum. Cabelos ao vento, vidro todo aberto, braço todo de fora, a 90graus, posição meio-de -ladecos, agarrado à porta, a dar palmadas no chassi em jeito Go Go GO! A virar o volante e a meter mudanças só com a mão direita, a meter uma abaixo, vrooooooomVrOm, para me apanhar em plena curva e acenar aos gritos: “Ó Juliiiiiiiiiiiiiiii! Atão? Tudo bem? Ah ah ah!” Era boa pessoa e queria cumprimentar-me, nem que para isso nos enfaixássemos os dois numas silvas à entrada da Av. de Ceuta (direcção Alcântara)!
- Ó Juliiiiiiiiiiiiiiiii! Tudo porreiro? E tá tudo bem? Tá? “Atão vá”! Fica bem, ó Juliiiiiiiiiiiii!
- Está tudo bem, sim… ERrrrrrrrrrrrr… (Ó caraças meu! Vai anda lá! Ó pá!) VRuuuum!
Ainda o estou a ver. A insistir que eu lhe respondesse e eu mesmo a ver a minha testa no retrovisor e toda a dentição frontal espalhada no asfalto!
Foi bom eu ter respondido, ter dito adeus acenando: “Sim tudo bem, e contiiiiiiigo?”. Fiz uma pessoa feliz. por lhe ter dito olá. É tão simples, não acham?
Outra vez ía rua fora e fui abalroada por uma pessoa que guinchava:
- Ólha lá já não se fala? Óoooo! Ó!
Uma pessoa de bata, com as mãos na cintura, cara de poucos amigos, ofendida com a minha distracção , exigia explicações. Não sei quem era. Nunca saberei, porque simplesmente não a conhecia. Tive pena que estivesse naquela figura para nada e não fui de modas, espetei-lhe 2 beijinhos: “Desculpa que nem te estava a ver, ía tão distraíiiiiiiiida!”
- Ah `tava a veriiii ó! Tava a veriiii! Dá cá beijuuu!
Acho que a pessoa de bata foi mais feliz e nada desiludida, eu não a conhecia, mas não me custou nada dizer-lhe olá! Convenhamos que o escândalo que me fez ajudou! De bata e aos guinchos? Dois beijos, e é para já minha senhora, ora essa!
É por isto que eu digo sempre Bom-dia, Boa-tarde, Boa-noite, Até-amanhã, com quem se cruza comigo. Mesmo que eu não saiba quem é! Temam-me! Tenham muito medo! Qualquer dia arranjo um cartão grande e entro no colégio de minhas petizas, qual Carmen Miranda, abanando-me, e gritando: “ Bom dia, minha gente! BÃO DXIA, meu bem! Bão Dxiiia!
Este assunto é recorrente, mas custa muito dizer Bom-dia? Ó gente mais parva!
O que não é de todo o vosso problema, pessoas de ma vie! Um BOM DIA por vous! Salut! Que não há cu! (Tento na língua, Juliiiiiiiiiiiiiii!Ai, ai, ai! Depois vem a Educadora: "Sabe que a Mercês disse... ah...Porra? Ai a culpa é minha e peço desculpa...! Pois ela disse logo que a mãe também diz! Hum...! Tento na língua Juliiiiiiiiiiiiii!)

2.2.13

Go for it!

Apontamento 1:52

"Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida." (Confúcio)
Adoro casas.
Adoro perceber como cada pessoa utiliza o espaço a que chama casa.
Há uns anos olhava para um edifício e imaginava o bom que seria poder ir de piso em piso, do primeiro ao último, poder entrar em todas as casas, poder ver como cada habitante utilizaria o espaço igual ao dos vizinhos mas personalizado à sua medida.

Mal eu sabia que visitaria mais de mil casas. Nunca me aborreci. Posso continuar a fazê-lo durante anos. Cada casa será sempre uma surpresa.
Vi de tudo. Vejo de tudo. Da mais humilde ao luxo absoluto. Incrivelmente o estatuto da casa não me fica na memória. O que fica são sempre pormenores e detalhes de como é habitada e de quem a habita. Incrivelmente não foram as mais luxuosas que me ficaram na memória.
Tirei o curso de arquitectura. Escolhi no último ano do curso a especialização em recuperação do património. Estou a tirar um curso de fotografia. E a loucura por casas continua.
Passo horas e horas a fazer pesquisas na net, a olhar cada detalhe.
Não tenho nenhum desejo especial em construir uma casa. Tenho, isso sim, um desejo crescente de começar a fotografar espaços com outro olhar. Com tudo incluído. Tal como as pessoas os vivem.
Não gosto de casas-catálogo, casas-museu, casas-de-revista, casas- Querido-mudei-a-casa, casas-demasiado-perfeitas. Gosto de casas repletas de vida. De objectos. Casas com a cara dos seus habitantes. Casas que não podiam ser de outros que não dos seus. Feias, bonitas, pobres, ricas, urbanas, rurais, pequenas ou grandes. Cada casa é um lar. Cada lar é uma vida, são várias vidas.
(continua)
(este foi o primeiro de cinquenta e dois, um apontamento por semana durante cinquenta e duas semanas)