Tenho o sonho de um dia correr. Ser uma daquelas criaturas, tipo o meu marido, que se dedicam à corrida. Eu, marginal fora, de “fónes” a curtir umas músicas motivadoras, a correr qual gazela, ao fim-de-semana, logo na fresca da manhã! Ah, isso é que era!
Mas não é!
Por enquanto sou (ainda), e após “prái” 4 anos de inscrição no holmes place, fora todos os outros ginásios por onde um dia rocei o rabo, uma candidata a praticante de exercício físico.
Estou desejosa de soltar a Jane Fonda que eu sei, que bem lá no fundo (bem no fundo, por detrás da camada de celulite que me reveste as coxas!) existe dentro de mim.
Como todas as idas ao ginásio são esporádicas, não há nada que resulte, obviamente é sempre um esforço!
Gritem-me lá isso aos ouvidos! Pois!
Quando me decido a ir é sempre a mesma coisa, lá vou eu toda contente, razoavelmente vestida (a minha falta de estilo é notória até no ginásio, mas não vou com t-shirts roídas da traça, o que já é mega avanço no que concerne a estilo pessoal). Tenho umas t-shirts do holmes place, que até já confudiram um tipo magrinho que lá trabalha , que me perguntou se eu era sua colega… Puto, muda de óculos!
Chego lá toda saltitante, ainda convencida que não estou assim tão mal (convence-te, convence-te, convence…), subo toda a escadaria até à sala de cardiofitness, e tchaaaaaraaaaaaaam! Mamas perfeitas saltitam nas passadeiras, corredoras de fundo de rabos empinados atingem metas imaginárias onde toda a camada de maquilhagem será de facto de grande importância quando forem bombardeadas por aplausos efusivos! Clap, clap clap! Pessoas em bicicletas com cara de estar a fazer a coisa mais fácil do mundo! Tipos (que NUNCA farão o meu género, mas aos quais reconheço a boa forma física!) musculados que aguentam, sei lá eu como, três vezes o seu peso em alteres e cenas maradas! Pessoas impecavelmente vestidas, até para estarem ali só para transpirar!
E eu!
Acreditando mesmo que era nesse momento que soltaria a “furiosa do exercício”, que acredito habitar algures o meu cérebro (porque na real bunda já não espaço, too many cheese!)… começo por arrastar-me para cima da passadeira, ZEGUEZEGUEZEGUE, OLHAR PARA AQUELE RELÓGIO, VER PASSAR cada seguuuuuuuuundo, cada minuuuuuuuto, arf, arf, ARF, ARF… (ai pá não aguento!)… tento correr… estúpida, esqueceste-te de mudar de soutien, MAMAS À SOLTA, mamaaaaaaaas para cada lado, ai que vou ter que parar, arf, arf, ARF, ARF… (ai pá não aguento!)… o bikiniiiiii, o bikiniiiii no próximo verão… Ai tenho fome, ai tenho sede, arf, arf, ARF, ARF… (ai pá não aguento!) …
Quase em desmaio de esforço começo a levitar, a sair de mim, a pairar por cima da minha cabeça à roda, à roda! E o que vejo? O que vejo apenas?
A Alheira de Mirandela em que me transformei!
Assim mesmo, uma Alheira de Mirandela, mole, a tentar endireitar-se… Jane Fooooooooonda! Janeeeeeeeeee! Tens quê? 120 anos? Como consegues? Janeeeeeeeeeeee!
Nada! Apenas a Alheira! Arf, arf, ARF, ARFeeeeeee… (ai pá não aguento!) … feeeeeeeee!
Piro-me dali, em esforço evidente para não cair… aqueles segundos quando saímos da passadeira em que se está mesmo a ver que pode dar malhanço monumental… aquela sensação do chão ainda a mexer… arf, arf, ARF, ARF… (ai pá não aguento!) …
Atiro-me em voo picado para o tapete dos abdominais, acreditando que descansarei! Puro engano! Vindo das profundezas, um tipo com uma t-shirt de “Staff” encara-me de frente: “Oiça, consegue melhor que isto, vá lá pôr uns pesos nos tornozelos…”.
Deitada, barriga para cima, mamas espalmadas para cada lado (o soutien!), a visão da Alheira de Mirandela na frigideira é demasiado real… a alheira explodida, espalmada, pronta a ser devorada… arf, arf, ARF, ARF… (ai pá não aguento!) … o peso nos tornozelos… nada levanta… rabo, pernas, ineeeeertes…
Quando me levanto, estou de frente para um espelho…Janeeeeeeeee Foooooooooonda!
Já vos contei que comprei uma “pasteleira”? Sem mudanças? Gira, gira de velhinha?
Janeeeeeeeee Foooooooooonda!