Há 21 anos as minhas amigas fizeram tudo para me juntar ao Gil, organizaram tudo para que nos conhecêssemos. Foram as responsáveis pelo início do nosso namoro (engraçado como até esta palavra “namoro” me soa a velharia, hoje curte-se ou ainda há quem namore?).
O Gil tinha uma mota, uma Suzuki Wolf, feia que metia dó (quase tão feia como o Fiat Punto que veio a ter anos depois!), com um lugar apenas.
As minhas amigas inventaram que eu tinha que ir a casa de uma delas, em Alfragide, e que a única maneira de ir, a partir da praça do Chile, era de mota, com o Gil, até Benfica, onde ele vivia, e de seguida apanhava um autocarro.
Como usava farda, nem pensar em ir assim vestida, era o nosso primeiro momento juntos. Uma amiga cheia de boa vontade emprestou-me roupa, o pormenor é que vestia para aí 2 números de calça acima do meu! Só de me imaginar… com os mocassins da farda e as calças, muito provavelmente em balão, estávamos em 1991 (!), devia estar de gritos!
Eu e o Gil mal falámos. Explicou-me como tinha que ir sentada na mota, com o rabo em cima de onde um dia existiu uma grelha e onde agora existia apenas um parafuso GIGANTE! Os pés tinham que ir por cima do “pára-lama” ou lá o que era, assim com cuidado porque iam próximos da corrente.
Não dissemos mais nada. Equilibrei-me como pude, estava a morrer de vergonha, não me “baldei” nas curvas, o que vim a saber não ter sido nada “cool” e mostrava a minha ignorância nessa arte de andar de mota (coisinha que nunca gostei!)! E, mal eu sabia, estava a ter a minha primeira aula prática em como me tornar exímia “contornadora” de parafusos espetados no rabo!
O Gil deixa-me na paragem do autocarro e adeus até amanhã. Nem mais uma palavra. Pensei logo que ele me tinha achado uma monga e que nunca, mas nunca iria querer ter alguma coisa comigo! Somos muito parvas aos 15 anos!
Entrei no autocarro, sentei-me e, já mais descontraída, cruzo a perna e olho para os meus mocassins… AHHHHHHHHHH! AIIIIIIIIIIIIIIII! Que V.E.R.G.O.N.H.A! MATEM-ME JÁ AQUI! Onde RAIO está a SOLA DO MEU MOCASSIN? Drama! Horror!
Pois que a metade da minha meia sola estava, muito provavelmente, agarrada à corrente da mota, a maldita da corrente veio da Praça do Chile a Benfica a mastigar-me o sapato e agora lá está meia sola na motaaaaaaaaaaaaa do rapaaaaaaaaaaz dos meus sonhos!
Epá quando se tem apenas 15 anos, isto é de gritos! Há maior vergonha? Na altura julguei-me aniquilada!
Pois que não! Ainda que de farda, ainda que de Duffy de penas azul-escuro, ainda que eu não consiga lembrar-me do meu penteado na altura (embora me recorde que era apenas cabelo comprido, muito volumoso é certo!) ainda acreditando que seria qualquer cena estranha para os parâmetros actuais, o Gil não se fez rogado e pediu-me em namoro à porta da escola, fez ontem, dia 14 de Outubro, 21 anos!
Tantas, tantas recordações!
Quando nos perguntam como se está há tanto tempo juntos, não sei o que responder. A nossa vida vendo bem nem se alterou assim tanto. Sim, crescemos, já somos pais, temos mais 21 anos… há quem estranhe, mas há também quem nos tenha acompanhado desde então. Os nossos amigos ainda são os mesmos dessa altura, há um núcleo duro que se manteve sempre unido.
É isto, apesar de sermos cão e gato, noite e dia, eu detestar Borrego e Cabrito assados, o Gil não suportar a minha mania de acumular tesouros na arrecadação, temos sabido ultrapassar questões(zinhas) e quezílias(zinhas) e todas as merdinhas do dia a dia e aqui estamos prontos para triplicar este número, 21 anos!
Gil, lembras-te do salto? Ah que momento!
que delícia... eu comecei a namorar aos 12, fizémos este ano 22 anos, e o nosso primeiro filho chama-se gil! E quando me perguntam como é que é possível costumo dizer que nós crescemos juntos, mas não fomos sempre os mesmos. ele apanhou várias versões de mim e vice-versa. mas os defeitos mútuos foram sempre toleráveis. e assim conseguimos ir ultrapassando os obstáculos :)
ResponderEliminarBem, ainda há quem namore e fora de prazo :D eu fui casada, divorciei-me e em 2001 conheci o meu namorado numa boleia de carro orquestrada por uma amiga... e namoramos desde então, cada um na sua casa. O meu maior problema é o que chamar a isto. Não consigo dizer o meu marido, não sei porquê não soa bem, mas também acho que me julgam esquisita quando digo o meu namorado...
ResponderEliminarAh! Parabéns!
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