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24.7.15

Exterminador implacável

Exterminador implacável

Há muitos anos atrás, no tempo das calças de cintura subida, camisolas de malha feitas à medida de mulheres balão e muita argola dourada ou de plástico colorido (pessoas, quem se lembra das argolas-brinco que vinham nos pacotes de batatas fritas? pré-histórico!), quando eu era a namorada recente do meu actual marido (há que apimentar a nossa história, se não é só uma cena boring de 24 anos juntos, qualquer coisa como desde sempre! e dito assim as pessoas acham-nos uns ganda malucos), fui convidada pela primeira vez a ir ao cinema.
Levada de mota para o Fonte Nova, assisti incrédula ao filme que se esperava, no mínimo romântico, e que tinha sido a escolha do Gil para a nossa primeira ida ao cinema juntos. Exterminador Implacável!
Sem comentários!

E isto tudo estava guardado nas minhas memórias, sendo assunto apenas recordado sempre que vamos ( ou íamos, há 2 filhas atrás) ao cinema e perdemos um tempo imenso a decidir que filme ver e que agrade aos dois... azeite e água... é mais ou menos isso!

Até ontem, pessoas, até ontem!

Munida de um Stop- piolhos, dois pentes de dentes finos e uma toalha branca, lembrei-me de ensinamentos shwarzenneguerianos e lancei-me nessa dura batalha de combate às bichesas capilaró-rastejante, encarnei o meu eu cyborg e enfrentei o piolhame que se apoderou das cabeças das minhas crianças!

Assim gordos e patudos, com antenas!
Um até tinha a barriga transparente e, acho, cheia de ovos de piolhos infantes!

Tás louca, pá! Piolhos grávidos?

Exterminador implacável e stop-piolhos!
A casa revirada do avesso!
Roupa toda para a máquina! Pilhas de roupa e piolhos, gordos e com antenas!

Ufa, o que vale é que é verão e seca tudo rápido... Éfe ó dê à é ase ésse é, chuva? Chuva, São Pedro? Em dia de combate a piolhos? A sério, meu? Éfe ó dê à é ase ésse é! Sim, fodasse, sem hífen e gutural! Meu, a sério?

Duas crianças, com loções exterminadoras até ao pescoço (de cima para baixo, tá bom de ver!), a ver se a coisa se dá e a grupeta da comichão infernal dá o baza!

Ó gente, assim gordos e com antenas, a rabear nas cabeça das riquezas de sua mãe! Gordos... arre porra!

E assim foi tudo a eito lá em casa, e agora são kilos de roupa por lavar e por secar e por dobrar e por arrumar!

Ó pessoas, não há um sitio ou cabeleireiro onde enfiam as cabeças dos miúdos nuns capacetes e exterminam de uma vez a piolhagem? Tenho ideia de ter visto qualquer coisa acerca disso.

Opá!

Bom fim de semana, pessoas!

P.S: Só espero que as outras mães sejam tão implacáveis como eu e o Arnold, e eliminem os parasitas del inferno capilar!

8.7.15

É toda uma cena. Ó sorte, marreca!

Uma mulher entrou na loja e deu-me umas palmadas no braço, olhou-me de soslaio, garantiu ser da polícia judiciária e após gritar que queria santos antónios, fossem como fossem, ainda rogou 3 ou 4 pragas, indecifráveis entre os gafanhotos que me lançou. Espetou um dedo, bem espetado, lançou raios e coriscos e saiu porta fora. Uma única vez e pareceu que não tinha fim. Ó sorte, marreca!
Tenho um canteiro que precisa de ser arranjado. Lá no canteiro estão umas flores que abrem quando apanham sol. Do outro lado do canteiro costuma estar um tipo, gordo, com cabelo oleoso, com uns calções acima do umbigo, daqueles que arrepanham o rabo, e encaracolam no entrepernas, para completar usa daqueles pólos à Wes Anderson, anos 70, em tons de nódoas, castanho e cor de tijolo. Grita impropérios enquanto afaga as flores do meu canteiro. Volta e meia dá-lhe para isto. E eu penso nas florinhas e nos arranjos que tenho que fazer no canteiro. Ó sorte, marreca!
Um vizinho tem lugar cativo para o carro. Assim que lhe bate o sol, coloca um lençol em cima do tejadilho, e depois uma manta, prende tudo, muito bem preso com molas da roupa e mira o dever cumprido. Todos os dias. Em frente à minha janela. Ó sorte, que tinhas que ser corcunda!
Na loja dos recuperados, cheia de tesouros, uma mulher, baixinha, guincha bom dia, e ai de quem não lhe responda. Sempre. E ainda por cima a senhora é marreca. A senhora e a minha sorte!
Eu e doidos temos uma cena comum. Estamos sempre no mesmo sitio e à mesma hora. É uma coisa que nos assiste. Um GPS infalível. At the roundabout make a u-turn. Nunca falha.
É isto, pessoas! Não falha. Boa semana!