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5.4.13

O Spa.

Há uns tempos o Gil ofereceu-nos uma ida ao spa. Para irmos os dois, descontrair, ser mimados e tal. Um miminho e um encontro a dois.

No fundo eu já sabia que de descontraída esta ida ao spa ía ter muito pouco. Tudo bem. Eu gostei da ideia e a data foi marcada.
Nunca mais me lembrei da data. E quase em cima da hora o Gil relembra-me que “today is the day”.
Ó caraças pá! Eu sabia, eu sabia, que isto de ir adiando a depilação não tinha sido boa ideia, não tinha não, não tinha não… Portanto começou logo bem o dia descontraído a arrancar tudo o que era pêlo, a devastar toda a floresta amazónica que brotava de mim.

Em modo “mulher sem alguns dos pêlos, ainda assim bastante atraente aos olhos do abominável homem das neves” (e com a irritação na pele, habitual, toda eu borbulhinhas depois do arranque infernal da pelagem, que faz de mim uma pequena dinossaura cor de rosa!) lá fui com senhor, meu marido. Esse todo contentinho, porque um homem quer-se de barba rija e com pêlos no peito, portanto o mundo é uma festa e está-se sempre pronto para a praia, para spa, para piscinas, no dramas!
Ah pessoas, eu não fui de facto feita para spas. As pessoas tão boazinhas que nos atendem, a falarem baixinho, a meia-luz, a entrega do roupão, dos chinelos de papel e da cueca de… de… de papel… inho.

Reencontrar-me com o meu querido marido, olhar para aquele ser com o roupão vestido e os chinelinhos de papel calçados, e, DEUS ME LIVRE, de o ver, mas imaginá-lo sem o roupãozinho com a cueca de… de… papel…inho.

Uma pessoa zen e muito boa, uma pessoa da paz, levou-nos até à sauna. Seguimo-la, eu já em estado de nervos total, a cueca de papelinho é qualquer coisa de surreal, parece insuflada, e apertar as nádegas parece ser a única forma de as manter no sítio. O problema é andar ao mesmo tempo que se aperta as nádegas, em especial se formos com os dedos dos pés em modo águia, com as garras bem fincadas no chinelinho de papel, face à ameaça deste poder saltar do pé a qualquer instante. O pequeno sacana parece que desliza do pé a cada passo…
Na sauna (ou seria banho turco? Não sei) o calor é tanto, o vapor é tanto, o Gil com a cueca de papel, eu com a cueca de papel, o chinelo de papel a ficar húmido, toda eu a derreter, a rir à gargalhada, não dá, homens, com ar de homens e de cueca de papel… NOP… NÃO… No No No… a minha cueca a insuflar cada vez mais… o terror que entrasse ali alguém e eu com aquela cueca… sabem pessoas, aquela CUECA! Pior só na maternidade!

Outra pessoa zen e muito boa, outra pessoa da paz, leva-nos até uma sala, para cházinho e bolinhos enquanto esperamos pelas massagens. Outro casal, de roupão, todos a fazermos “cara de spa” e “sorrisinhos de spa”, o cheiro do incenso, aquele cheiro doce, que se entranha, aquela meia-luz, o chinelo de papel a saltar, a figura de minha pessoa a tentar reaver o sacana do chinelo junto à máquina do chá… o chá todo a verter do copo, a luta insana entre um dedão e um chinelo… uma pequena vitória ao reaver o chinelo em fuga.
Moi e marido refastelados nas espreguiçadeiras, eu sempre a tentar equilibrar o chinelo no pé e a rir, a rir, aquela noção de ridículo, o roupão a abrir-se e o vislumbre da cueca insuflada… é de facto do mais relaxante que há! Oh se é! Terapia de riso é o que é!

E por fim, a massagem. Eu, em modo lontra a deslizar para cima da cama das massagens, a pessoa boa, a pessoa da paz, a falar tão baixo, tão baixo, que só me apetece começar aos Hã? O quê? A pessoa boa, a pessoa da paz a dizer-me “Pode tirar o roupão” e eu, de chinelo e cueca insuflada, olho em frente e vejo-me ao espelho… de chinelo de papel e cueca insuflada! MASSAJE, PESSOA BOA, PESSOA DA PAZ, MASSAJE COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ!
Está visto, eu vou mas é dedicar-me às corridas. A cena zen não é para mim! No No No!

Bom fim-de-semana gente! Será com sol?

9 comentários:

  1. Ai Julieta o que me ri! E se fosse a um spa também me apanhavam a rir às gargalhadas... só o sr meu marido é que não ia conseguir arrastar, quase de certeza! Bom fim-de-semana!

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  2. Lolão. Eh pá, eu até gosto de spas, mas de preferencia com chinelos de jeito e sem cuecas... de papel. ;)

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  3. Ó pá, chorei a rir!! :D
    Uma vez numa Páscoa aproveitei um pacote de um hotel com spa que incluía uma massagem a dois (e cuecas de papel!) e nunca me esquecerei da pior massagem da minha vida!
    (e o barulho que faz elas a massajarem o creme nos pelos dele???)

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  4. Julieta, não nos conhecemos, mas por um like da Ana Guerreiro, este texto apareceu no meu FB. Podia ter ficado calada, mas com o ataque de riso que tive (em pleno trabalho com pessoas à volta) é de toda a justiça que venha aqui dar-lhe os parabéns por esta maravilha, e agradecer-lhe pelo lindo momento em que fiquei a um passo da incontinência :-) MUITO BOM! Beijinhos (eu não sou uma pessoa zen lol)

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  5. A Ana Guerreiro sou eu, e também tive um ataque de riso de ir às lágrimas com este post!!!!!! Demais!!!

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  6. Ri muito muito muito com este spa tão zen! :D Eu não sou nada de spas, massagens e afins. Muito menos cuequinha de papel ... tudo a falar baixinho e eu falo alto! :D Texto hilariante!

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  7. AAAAAAAAAAAAAHAHAHAH! Até chorei a rir!!! Cuequinha de papel é do pior que pode haver!!! mto bom!!!

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