Uma mãe, quando ainda não o é, olha para os bebés que
passam, olha para o seu marido (ou companheiro, ou companheira, ou um qualquer
espécime humano com quem coabite em união seja lá de que credo for) e pensa: “Ai
tão fofinhos e amorosos e tal… opáaaaaaaaaaaaa, vamos lá fazer um!”
E é aqui que começa a grande viagem para a Outra Dimensão. Em
que uma mãe passa a ser quantos filhos tem.
Uma mãe começa por fazer um xixi e tentar acertar num
cotonete grande chamado de teste de gravidez, salpica tudo, fica para ali
naquele impasse: “puxo as cuecas, não puxo as cuecas, deixo-me ficar aqui à
espera do resultado, puxo o autoclismo, ai senhores, que nem me mexo, ai, ca
nervos pá, será que o meu xixi é suficiente, será que se me espremer bem
espremida sai mais um bocadinho de xixi e… E de repente já passou o tempo e com
sorte fica ali mesmo a certeza do enrolanço dos últimos meses.
Uma mãe passa nove meses a ver-se crescer. A ver os milagres
da natureza. A sentir o que é ter uma “pessoa to be” na barriga. A coçar essa
barriga. A fazer mil xixis. De manhã. À tarde. À noite. Leva pontapés. Sente soluçar
(Ah que confusão me faziam os soluços das minhas filhas quando ainda estavam na
minha barriga!). Imagina a criança “mai linda do mundo” que aí vem.
Uma mãe, um dia, sente um estalido, uma água, e sabe que
está prestes a conhecer o inquilino dos nove meses. Uma mãe aguenta
estoicamente enquanto um pai tem uma vontade imensa de ir à casa de banho
quando devia era estar a ir a caminho da maternidade.
Uma mãe descabela-se em cima de uma marquesa numa box para
parir a criança mai linda que já se viu!
Uma mãe passa horas a tratar e a cuidar de alimentar, limpar
rabos sujos, sugar ranhos, baixar febres, de dia ou de noite.
Uma mãe até brinca. Inventa histórias. Canções. Faz desenhos.
Uma mãe grita: “COmaaaaaaaaaaaaaaam pá! Comaaaaaam,
p.o.r F.A.V.O.R! Comaaaaaaaaaa! Já!” Centenas
de vezes. Pensa desistir. Deixar de educar. Isso é que era bem mais fácil. Uma
mãe sabe que isso não é sequer uma hipótese, portanto descabela-se e educa!
Descabela-se e educa. Educa e descabela-se. Na maioria das
vezes fica apenas a sensação do descabelamento total. T.O.T.A.L!
Uma mãe sobe no elevador com a vizinha dos olhos de rata,
com olhares reprovadores que de soslaio parecem dizer: ”Não achas que gritas
demais com as tuas filhas?”. Uma mãe manda a vizinha à real merda só com um
olhar e vai à sua vida.
Uma mãe é tantas coisas. Uma mãe vive noutra dimensão. Numa
dimensão paralela. E parece mesmo que ninguém dá valor e é tão cansativo, tão
desgastante.
Uma mãe às vezes só quer fazer a mala e ir à sua vida. Uma
mãe nunca vai. Está cá sempre.
Sempre, sempre, sempre. Descabelada, nervosa, irritadiça.
Mas sempre cá.
Há dias mais difíceis. E hoje é mesmo um desses dias. Portanto
este é o primeiro post sério aqui do estaminé. Preciso de férias gente!
Precisamos todos, não acham? Ai que neura pá! Mais o São Pedro e os seus humores!
Parece que amanhã já teremos calor, venha ele, venha ele, que isto hoje está em
modo estalactite.
Até amanhã.
Pelo que li (já não é o primeiro post) acho que és uma grande mãe.
ResponderEliminarGosto dos teus postes não sei bem porquê. A tendência é não ter pachorra para ler postes enormes. Mas adoro as peripécias que nos apresentas :)
Ai caraças que as férias grandes nuuuuuunca mais chegam. Quero ir para casa dos meus pais !!!! Quero abrir o frigorifico e beber coca cola ! Quero ver a She-ra depois da praia !
ResponderEliminarComer bolas de Berlim porque dietas só voltam a tema de conversa depois do Natal!
ResponderEliminarSummer look around here?
ResponderEliminar;)