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19.9.12

Ó mãe, outra "vezze"?

A hora do jantar pode ser um momento verdadeiramente criativo. As nossas cozinhas podem ser diariamente fontes inesgotáveis de partilha cultural. O meu exaustor continua a garantir riqueza de sons e cheiros verdadeiramente multiculturais. Por sorte a minha vizinhança não é originária de países em que o caril é rei, senão acho que me dava uma crise nervosa todos os dias. Eu gosto de caril, gosto de especiarias, mas convenhamos que entrar-me e entranharem-se cheiros exóticos pela casa toda não é o meu ideal de estimulação olfativa. Vivo num prédio multicultural no entanto a vizinha de baixo cozinha “cheiros” relativamente familiares. A culpa não é dela, em dias que a exaustão do edifício demonstra toda a sua debilidade, bem que me apetece ser mega criativa e forrar o exaustor com “dodotes” (cheguei à conclusão que os “dodotes” servem para limpar tudo, tirar todo o tipo de nódoas, excepto claro, para limpar rabos, cocó e “dodotes” não se dão, aquilo é apenas um esfreganço de merdelim, cá em casa lavam-se rabos com água e sabão, para tudo o resto são milagrosos!) e em vez de fritos, fragrâncias mais agradáveis me invadiriam o doce lar!
No entanto é no tema, tão familiar e desesperante para qualquer mãe, ou pessoa responsável por alimentar famílias, “O que é o jantar?”, que nos tornamos verdadeiramente criativas.
Se não nas ementas, pelo menos nas palavras.
Peixe, nem sempre, muito por culpa minha que não lhe devoto nenhum carinho especial.
Carne só de vaca ou de perú ou de frango, porco cá em casa só em fiambre.
Batatas, só cozidas ou depois de cozidas e sobrantes, salteadas. Fritas, vão de reto, não frito coisas cá em casa, a paranoia com cheiros vem de longe (Unidose! Unidose!) e para fritos basta toda a minha região cerebral.
Arroz adoro, minha família não nutre da mesma paixão.
Portanto temos uma absoluta vencedora, MASSA!
- Óoooooo Mãeeeeeeeeee, o que é o jantar?
- Massa com carne!
- Aiiiiiiiiii outraaaaa “vezzzzzzzzzze”…
- Não! Não é nada outra “veze”!
A delicadeza das palavras e a criatividade culinária só se aprende com uma mãe, só convencerá crianças pequenas, no entanto é eficaz.
- Na segunda foi “carninha com massa”, na terça “ massinha com carne”, na quarta “esparguete e bifinho”, na quinta “ massonga com carnonga”, desde quando é sempre a mesma coisa? Ai, ai a menina, coma tudo “sásxavor!
Imaginam o que me rio por dentro com os acenos de cabeça em absoluta concordância com mãezinha? Uns amores as minhas crianças!
Caros não se esqueçam, criatividade, com massa, e com as massas! Que os tempos estão difíceis! Isto é que vai uma crise! Um senhor a dizer-me, com muita razão: "Os filhos estão a regressar a casa e agora voltam com filhos, o sossego da reforma dos pais está a mudar bastante, agora temos que os ajudar se não...!"
Se já eramos desenrascados, seremos agora um povo criativo! Outra "veze!, quantas "vezese" forem precisas! Olé!

1 comentário:

  1. Ora bem!
    Nunca a expressão "os filhos são para a vida" fez tanto sentido! ;)

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