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30.12.13

Aqui vai disto. 2014.

Para ser perfeito eu devia estar à beira, mesmo à beirinha de uma prancha de saltos. Um passo em frente, 4 mortais no ar e entrar na água com o mergulho perfeito!

Depois aquela sensação de ir ao fundo, bem ao fundo. No fundo dar uma cambalhota, esticar bem o corpo, dar balanço e deslizar até à tona.

Na tona a nossa cabeça triunfante e o ar todo inspirado de uma vez só, um impulso fresco por todos os poros e as braçadas tão vigorosas que quase nos podemos sentir a abraçar a água.

E nisto aí está 2014.

Recordo-me de sentir nas entranhas a sensação estranha de fazer contas e aperceber-me que em 2000, nessa passagem de ano mítica, teria 23 anos. Lembro-me de sentir medo por estar a chegar a uma idade tão crescida. Lembro-me de achar que por essa altura seria já demasiado velha.

Não gosto especialmente desta altura do ano. É sempre nesta altura que me engano, que mais me prometo isto e aquilo e oiço-me repetir demasiadas promessas que, no fundo sei que não vou cumprir. É sempre nesta altura que apetece dizer-me. “E se fosses à bardamerda, Julieta?”

Uns dirão que estou a ser demasiado dura. Outros, que sou demente e devia era estar calada.
Se querem que vos diga estou-me nas tintas. Esta sou eu.

Vai fazer 7 anos que soube estar grávida. Vai fazer 7 anos que planeámos e concebemos a nossa primeira filha. Vai fazer 7 anos que eu mergulhei numa depressão nunca diagnosticada por um profissional, mas sentida por mim todos os dias, a todas as horas. Adoro as minhas filhas. Faria tudo igual. Teria cada uma na mesma altura. A idade era certa. O momento era certo. Eu é que não estava de modo algum preparada.
Eu, que sempre me enganei a cada novo ano. Eu que sempre me prometi e não cumpri. Eu que ainda tinha tanto por resolver comigo tinha agora a maior das responsabilidades.

Cumpri tudo. Cumpro. Fiz tudo. Faço. Estou sempre lá. A minha cabeça é que não. Essa está algures entre um ano e outro a prometer-me coisas e numa batalha por não as cumprir. Sempre a desejar. Mais. Mais perfeito. Melhor. Nunca a valorizar o menos, o não tão perfeito. O real. Aquilo que é.

Agora chegada ao final deste ano, com quilos a mais, com coisas por fazer, por dizer, com uma lista infindável de desejos que vou assumir com mais coragem, olho-me ao espelho e pergunto: “ E se fosses à bardamerda, Julieta?”

É por isso que agora que já penso em mergulhos, que agora que já sinto a água mais fresca, agora que dei algumas braçadas, decido ir mesmo à bardamerda. De mão dada comigo, porque eu vou estar cá sempre, portanto o melhor é aproveitar-me. Nova ou velha. Esta sou eu.

Aqui vai disto. Vou então à bardamerda. Com tudo incluído. E no caminho vou ver que isto de cá estar é que interessa. E quem cá está é que vale a pena. E que os mergulhos podem ser muito divertidos. E frescos. E revigorantes. E a cada cambalhota um impulso para avançar.

E sabem pessoas, talvez a bardamerda nem seja tão má como isso, ou tão perfeita, mas com certeza valerá por tudo e por todos. Especialmente por mim.

2014. Aqui vou eu. Comigo e com os meus. Comigo e com vocês. Inspira. Expira.

Bora à bardamerda gente?

Bom Ano Novo!



5 comentários:

  1. :) a minha mãe por vontade dela eu não comia, porque estou quadrada! As minhas promessas nos novos anos, ficam pela metade, por isso estou unânime contigo! Bom ano para ti e para a tua linda família :)

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  2. Bardamerda pra ti e pra mim! Muita bardamerda! Bués dela!
    Até porque diz que dá sorte e como eu ando precisada de sorte...

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