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16.1.15

A esgravatadora de cocurutos.

A pessoa leva as crianças à ginástica.
A pessoa é confrontada com um cano roto na zona calma do balneário.
A pessoa vê-se obrigada a ir despir-vestir-despir-vestir 2 crianças para a zona mais crowded dos balneários.
A pessoa senta-se no sitio possível.
A pessoa não incomoda ninguém e trata das suas 2 crianças.
A pessoa não reparou mas sentou-se por baixo de umas sacolas que não as suas.
A pessoa trata da sua vidinha de mãe transportadora de crianças à ginástica.
A pessoa vê-se de repente encurralada por uma mulher que tenta chegar às sacolas.
A pessoa não quer acreditar mas a mulher das sacolas não pede com licença.
A pessoa mantém-se ali a tentar acabar de vestir as suas 2 crianças.
A mulher não se toca e continua a esgravatar as sacolas que calham estar mesmo por cima da cabeça da pessoa que incrédula não acredita que a outra continua naquela cena.
A pessoa duvida se será transparente.
A mulher esgravata.
A pessoa começa a sentir qualquer coisa no cocuruto.
A pessoa não quer acreditar.
A pessoa começa então a acreditar.
A pessoa está a ser esgravatada no seu cocuruto pela mulher das sacolas.
A pessoa sente o cocuruto a remexer e os cabelos a reagir à energia estática.
A pessoa incrédula e de cocuruto esgravatado começa a ficar incomodada.
A mulher não pára.
A pessoa levanta-se de rompante e grunhe.
A mulher olha para a pessoa esgravatada e acha que quem está mal muda-se.
A mulher fica a olhar de soslaio e nunca deixa de esgravatar.
A pessoa ainda tenta fazer cara de má e aproveitar os cabelos eriçados pela esfregadela que levou para lançar um olhar de és-mesmo-parva-ou-és-só-meia-parva.
A pessoa não diz mais nada porque aquela mulher está ali para esgravatar sacolas e mais nada, o resto do mundo que se lixe.

E assim pessoas, esta pessoa teve o seu cocuruto esgravatado pela mulher das sacolas.

Quem disse que vida de pessoa-mãe era fácil e easygoing é porque nunca lhe esgravataram o cocuruto no balneário da ginástica.

Bom fim de semana, pessoas!

14.1.15

Pensamento do dia 14 de Janeiro de 2014.

Pensamento do dia, em dia de pé lesionado (há uma semana... inteirinha!), duvidando se serei capaz de ir ao ginásio e receando, caso vá, ficar coxa para toda a eternidade, e, para todo o sempre e mais além, proprietária de um rabo gordo, caso não vá:
"Vou-me deixar de cenas e nunca mais comprarei uns collants abaixo do tamanho ÉLE."
Uma pessoa treina, uma pessoa renega da sua vida o pão, a massa, o arroz (à noite, que de dia tem que consumir energia para gastar energia)... e vai-se a ver e no único dia do ano que decide vestir uns collants está mais anafada que o Buda, sobram-lhe mais carnes que um atleta de sumo, espreme-se para entrar naquele inferno de poliéster altamente inflamável e pergunta-se: "Porquê, senhores?"
O que raio, me deu na cabeça para vestir uns collants? Eu não uso saia desde o 10º ano, em que, num rasgo de... de... sabe-se lá o quê, a travestina da directora do colégio que eu frequentava se lembrou de banir a farda e consequentemente os collants deixaram de fazer sentido para quem como eu baniu as saias.
Na loucura da procura de um estilo próprio, fantasiei-me de collants... assim opacos e tal... pernão à mostra... e depois, plof, pluft, inspira... inspira... encolhe-te, estica, bem esticada e pluft... plufeeeeete... não dá para viver mais de um minuto sem ar, portanto, como raio ía eu sair à rua "inspirada" e esticada num par de collants opacos tamanho ÉME?
E agora este pé assim... lesionado... e este rabo que a qualquer segundo aproveita para bambolear livremente e anafar mais uns gramas...
Pois então que pensei: "Deixa... deixa... positive thoughts, miúda... vá, não desanimes, da próxima compras collants de tamanho ÉLE!" Até te vão escorregar no meio da rua. Será brilhante. Os collants a escorregar e tu a puxá-los e a comentar com quem seja "Ah sabes lá, a roupa escorrega por mim abaixo... não sei o que será isto!" E ouvir de volta: "Ah deves estar mais magra..." Ah paraíso!
Vou alargar esta ideia brilhante a toda a minha roupa, confudir-me-ão com uma rapper da bobadela de baixo dos idos anos noventa e três, mas não vai haver alma que não me diga: "Ah deves estar mais magra..."
Minha gente, uma pessoa esforça-se, dá-lhe forte na passadeira, tipo 6,98Km, 505 calorias depois de 60 minutos na passadeira (GRANDE RECORD PESSOAL!) e depois passam-se umas horas e pé lesionado... é de desanimar completamente...
Uma semana sem treinar, muito mais fome, muito mais desânimo, muito mais de tudo o que não interessa em tons de azul depressão e assim é lixado.
E pelo meio, esta parva tem a tristíssima ideia de ir vestir uns collants e dá por si ainda cheia de carnes a mais...
A única cena positiva assim de repente é ter escrito estas linhas e não ter dito uma asneira que fosse. Porra até estou do caraças (ups... vá, também não é para ser de repente, até me podia fazer mal, pessoas!), não acham? Uma mulher nova, só me falta por este pé operacional.
Gente, comé? Tudo a treinar, se não pó collant, que seja para a praia que está quase aí... não é quase, mas para lá caminhamos. Bora juntos?
Boa semana, pessoas!