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29.9.12

Ah são umas santas, as suas meninas!

 
Para quem achar que os meus desabafos relativos a pequenas crianças são apenas delírios, aqui fica uma amostra do que pode ser um sábado de manhã. Oh Joy!

28.9.12

Parabéns a você! A você! A você e a você!

Festas de aniversário!

Temática de relevância extrema quando se tem pequenas crianças.
Fins-de-semana inteiros dedicados a “parabéns a você” e gelatina quente, batatas fritas e mãos e bocas lambuzadas de chocolate.

Visitas intermináveis a lojas na procura de presentes para pequenos petizes, que tendo tudo, dão 2 segundos de atenção aos presentinhos ofertados. Deus que me perdoe, mas há putos a quem eu de bom grado ofertava uma caixa vazia, pois tenho a certeza que nem reparavam! Ou uma sessão de beliscões da qual eu própria faria questão de ser anfitriã, tal é o desprezo com que abrem os presentes e os atiram para “o monte”!  
   
Nas festas de aniversário de miúdos pequenos há uma outra atracção, inegavelmente mais fascinante para mim que gosto de estudar comportamentos humanos, comigo sempre incluída nesse estudo.

Paizinhos e mãezinhas!

Então se de filhos únicos, melhor! Adoro!

Normalmente são pais de uma estrela cadente que veio a este mundo para encadear o resto dos mortais. Estas criancinhas são só virtudes.
E é vê-los embevecidos a destilar veneno sobre os outros pais:

- Ah o seu ainda usa fralda? Pois o meu não, foi logo fantástico e… mimimimi!

- A educadora diz sempre: ai o seu menino está tão esperto fala tanto e … mimimimi! Vai ver, não tarda o seu dirá qualquer coisa!

- O meu já come sozinho, para aí desde o berçário e … mimimimi!

- Tem uma personalidade muito forte esta minha filha, sai a mim, e… mimimimi!

Normalmente estes pais contam as magnificas proezas de seus rebentos evocando sempre a perfeição e fazendo notar que até já repararam que as crianças dos seus interlocutores estão um pouquinho mais atrasadas (não estão) mas não faz mal lá chegarão e quando se tenta dizer qualquer coisa sobre a nossa criança e enaltece-la estes pais nunca ouvem continuam sempre naquele delírio de criadores do umbigo do mundo estão-se nas tintas para o que dizemos só querem ser ouvidos ;) são os pais do tipo "eu é que sei tudo, eu é que devia educar o mundo, eu faço assim assim e assim... " Treinadores de bancada!

Quando voltamos a olhar para os petizes destas pessoas, que entretanto reviraram os olhinhos para cima no seu delírio e orgulho parental deparamo-nos com as estrelas cadentes:
Todas molhadas, porque por essa altura já se encontram a chapinhar em gelatina, todos lambuzados de mousse, a guinchar palavras impercetíveis na sua ira, por estarem a ser agarrados por outros felizes petizes ou por serem apenas incapazes de entender conceitos básicos como a partilha! E é ver os felizes paizinhos e mãezinhas “estatelarem-se” ao comprido balbuciando que não compreendem estas atitudes talvez seja da confusão e mimimimi!

Megafone: Caros os vossos filhos (e ainda bem, digo eu!) são apenas crianças! Têm comportamentos que os tornam semelhantes aos seus pares e não são o supra sumo da criação!

Eu não serei melhor, o que me safa, normalmente, é estar a implorar às minhas crianças que se portem bem, que tenham modos, que não gritem desalmadas, eu sou a “mãe radar” nas festas. Tenho desculpa, assim ninguém terá que conhecer o meu lado “mãe possessa” caso tenha que ralhar!

E estou assim entre fins-de-semana de festas de aniversário de criancinhas, muitas festinhas, muita gelatina quente e chocolate derretido, uma delícia!

Claro que estou à beira de um ataque de nervos, mas isso estou sempre!

Amanhã é a festinha da Rosarinho! Está que não pode e eu vou ficar que nem posso! Ainda tenho que desencantar um bolo de chocolate com smarties, dispostos de acordo com o projecto que desenhou e me entregou (será que a miúda tem qualquer coisa de arquitecta? Espero que não que já cá basta uma em casa sem trabalho! Engenharia é que está a dar, e a Noruega é um pais bem bonito!)), uma arca do tesouro, e rezar para que a animadora que vai amanhã não frequente a mesma consulta da outra abécula de terça-feira… Ai!

Estou assim!
Bom fim de semana!

(Ai será que vai chover?)

27.9.12

Efeito boomerang! VRUM VRUM! TAUUUU!

Ah, se não fosse o efeito-boomerang o mundo seria muito injusto.
Cá também o designamos por “cá se fazem cá se pagam”, “tudo se paga”, “pela boca morre o peixe”, no entanto o efeito-boomerang é muito mais eficaz e açambarca todos estes ditos populares.

Então que eu era a senhora-opiniões acerca de animadores de festas infantis. Eu sabia sempre o que era um mau animador. Enchi a barriga a gozar com um casal de Noddys, já entradotes, numa festa familiar, gozei e achei uma parvoíce pagarem a uma miúda meia songamonga mascarada de palhaço/ boneca de trapos numa festa de aniversário há uns anos, a miúda não tinha jeito nenhum, coitada, e mal abria a boca.
- Eu cá é que sei! Um dia que tenha um animador numa festa minha, vou ter que pedir que parem de me bater palmas, porque eu é que vou saber escolher e toda a gente vai perguntar: “Onde o arranjaste? Dá-me o contacto! Por favor, só tu encontras estas coisas giras para festas! Uau! Uau! “
Pois que não! O efeito-boomerang existe e ainda bem, que é para que songamongas como eu se atinem e se recoloquem no seu lugar! O que é lá isso de se achar? A menina gravita acima dos mortais? Desça, desça rápido se não vai cair, ai se vai!
E caí! E é bem-feita!
Contratei uma animadora para “ animar” a festa da Rosarinho e um grupo de meninos e meninas de 5 anos. E que história é que aquela abécula escolhe para lhes contar? Uma sobre uma velha que estava na miséria, não comia e então a morte ía levá-la! Hã? E para piorar ainda terminou com a moral da história, os meninos que não comem ficam na miséria e a morte leva-os! Hã? E o gato comeu as velhas todas! Hã?
Isto, senhores, é a pedagogia “morta de morte matada” e enterrada bem fundo com direito a cuspidela em cima da campa!
Achou muito estranhas as reclamações, não percebeu qual o mal da história, já a contou a outros meninos e meninas e adoraram… A minha teoria é que talvez tenham ficado aterrorizados e tenham perdido qualquer reacção! Não sei, é só uma suposição! Petrifica as crianças e garante festas de sucesso! Todos se portam bem! Ah pois, assim não há dúvidas!
Não pretendo criar crianças numa redoma de vidro, onde haja assuntos tabu, mas num dia de aniversário, num dia de festa, era escusado este tema, é no mínimo idiota escolher esta história!
Como reclamei ofereceu-se para combinarmos outro dia e ela iria contar uma história sobre o amor que paira no ar. Opá, ainda por cima goza com a minha cara! Deve ser uma doida em recuperação, só pode!
Atenção caríssimos, o efeito-boomerang existe mesmo! E em tudo!

- Ah tens um macaco a sair do nariz, ah ah ah! TAUUUUUUUUUU! “Dá-se-me” um espirro e é ver a minha aflição sem lenços de papel!

- Ai, vê lá não tropeces, ah ah ah! TAUUUUUUUUUU! Esparramada escada abaixo ainda de boca aberta com a surpresa e sem um salto da bota! Agora vais de Aladino para casa que te lixas! (esta aconteceu mesmo, e fui mesmo sem salto na bota, a rezar para que ninguém notasse, em bicos do pé, para disfarçar! O que me ri).

- Epá, francamente não educam as criancinhas, ranhosas, todas besuntadas de iogurte, aquelas mãos todas peganhentas… Tss! Tss! Um dia que eu tenha filhos…! TAUUUUU! TAUUUUU! 2 (mega)efeito-boomerang!
Este é “O” conselho para futuros papás e mamãs, gente, que ainda na ignorância, aponta o dedo à educação e ao esmero com que os papás e mamãs de crianças pequenas tratam de suas crias. NUNCA, MESMO NUUUUUUUUNCAAAAAAAA, FAÇAM (OU PENSEM OU SONHEM) REFERÊNCIAS SARCÁSTICAS SOBRE O QUE QUER SEJA RELATIVAMENTE À EDUCAÇÃO PRESTADA AOS PETIZES DO VOSSO CÍRCULO DE AMIGOS, FAMÍLIA, GENTE NA RUA.
Eu garanto-vos TAUUUU! O efeito TAUUUU! boomerang! TAUUUU ! vai estar lá sempre, e é ver-vos TAUUUUUU!  felizes pessoas TAUUUU com a testa feita num oito!
Eu disse “tantas e tão poucas” que agora é ver-me com “O" hematoma na testa!
E é bem-feita!

26.9.12

Martelos pneumáticos e relógios de cuco

A5, Cascais-Lisboa, qualquer minuto entre as 09h00 e as 09h30, 4 pessoas dentro de um carro, 2 delas crianças, rádio sintonizado na Antena 3, como este, muitos mais carros, muitos mais… centenas, pára-arranca, pára-arranca… neura, neura, neura!
A minha cabeça dói-me, aquela moinha intercalada com pontadas à séria mesmo no meio da testa, estou com tosse, moinha a virar enxaqueca, MARTELOS PNEUMÁTICOS enfiados bem fundo em cada ouvido era pouco perante isto…!
-Quero água!
- Quero fazer xixi!
- O sol está-me a bater nos olhos!
- Vão caladinhas, vá lá por favor!
- Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua!
- Oh Mercês quando chegarmos à escolinha logo bebe água!
- Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua!
- Por favor Mercês! A mãe aqui não tem água! – Aquela dor de cabeça a picar, a picar, a picar!
- Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua! Auáua!
- OH MERCÊS! POOOOOOR FAVOOOOOOOOOOR! – A minha cabeça a vibrar, a vibrar, a vibrar!
- Pé! Pé! Pé!Buaaaaaaaá! Buaaaaaá! Aiiiiii oh “mãiiiiiiiiiiiiiiii!! Oh mãiiiiiiiiiiiiiiii! Pé! Pé! Pé!
O que pensarão nos outros carros as pessoas que passam por nós e veem uma mulher, ainda nova, coitada, a esbracejar, enlouquecida: “Epá calouuuuuuuuuuu! CALOUUUU! Não há água! NÃO HÁ ÁGUAAAAAAA! ARGGGggggaarGHGDFFTSDYG CWEHJG! EU NÃO VOU VIRADA PARA TRÁS COM UM BRAÇO TODO TORTO A AGARRAR UM PÉ DA MERCÊS, EU NÃOOOOOOOOOO VOUUUUUUUUU!! NÃO, NÃO, E NÃO!
Chora a mãe, choram as filhas, grita o pai! A mãe descabela-se e grita desalmada, vidro do carro escancarado: “ Não me piquem os miolos! Estão-me a picar os miolos! Cucucucucu!” E no rádio músicas portuguesas parasitas, “Toda a gente sabe que os homens tralaráaaaaaa, tralaráaaaaa! (a música é gira, mas dura e dura e fica toda a tarde a martelar-me na cabeça! Desespero, desespero!), e a minha cabeça vibra, vibra, vibra! Cucucucucuc! “Oh mãiiiiiiiiiii! Oh mãiiiiiiiiiiiiii!”
Isto e um martelo pneumático é igual, TRuruRRUuuuuRUUuuu!TruuuRRUUuuu! Um buraquinho no alto do cucuruto e martelinho em funcionamento é igual!
Cucu! Cucu! Cucuuuuuuuuu! O cuco a picar-me os miolos vai dar ao mesmo!
- Oh mãiiiiiiiiiiiii! Oh mãiiiiiiiiiiiiiiiiii! A pê caiuuuuuuuu, a pê caiiiiiiiiiiuuuuuuuuuu! Oh mãiiiiiiiiiiiiiiiiii!
- Oh mãe a chucha da Mercês caiu, apanha lá vá lá!
- Eu não consigo! Por favor! Ainda bato noutro carro! Eu não me posso virar para trás!
- Oh mãiiiiiiiiiiiii! Oh mãiiiiiiiiiiiiiiiiii! A pê caiuuuuuuuu, a pê caiiiiiiiiiiuuuuuuuuuu! Oh mãiiiiiiiiiiiiiiiiii!
(Não caiu, na maioria das vezes a minha querida criança atira-a, vezes sem conta, para o chão!)
- ARG! PORRA! PÁ! Caiu? Ai caiu? Não tarda a chucha voa! Voa lá para fora e sou eu que a atiro janela fora! ARG! PORRA! PÁ! E depois temos pena! TEMOOOOOOOOOS PENAAAAAAAAA!
Pica miolos! E o martelo pneumático! Pica miolos! E o martelo pneumático! Pica miolos! E o martelo pneumático! Pica miolos! E o martelo pneumático! Pica miolos! E o martelo pneumático… “Toda a gente sabe que os homens tralaráaaaaaa, tralaráaaaaa!" Aiiiiiiii!
SOCOooooooooRRO!
Chegadas à porta da escola, estão calmas, serenas, felizes, uma ranhoca a denunciar uma birrita, mas nada de alarmante e eu feita em brita, pedras duras que nem cornos que o martelo pneumático desfez em mil bocados, uma neura, uma dor de cabeça, cuCUcuCUCUCu!
E arrasto-me, e ainda nem são 09h30!
Se um dia enveredar por uma profissão que me obrigue a estar agarrada a um martelo pneumático, garanto-vos que não necessitarei de protecções para os ouvidos! Nessa altura o som do martelo será apenas uma "Quinta Sinfonia", CucucucuCUUcuucucuCucuc! O cuco por essa altura fará conjunto com o monte de brita! CucucuCUUccUU! Arrrrrrrg!
E ainda nem são 09h30! E mais logo faremos todo o caminho de regresso! TODO!
SOCOooooooooRRO!

25.9.12

Parabéns filha!

Há 5 anos eu tornei-me mãe!
Mãe de uma pessoa! Magricela, meio careca, refilona e com pouco apetite!
Em menos de nada eu soube: “Fuck, meus! Nunca mais nada será como dantes!
Em menos de nada eu soube: ”Quem é que quer que tudo volte a ser o que era depois de nos colocarem a nossa filha no colo?”
E nunca mais nada volta a ser o que era!
Ai o ranho, ai o cocó, ai o vomitado, ai as birras, ai a porra para isto tudo, quem disse que ía ser fácil? Mas o que é isso para nós?
O amor por uma filha é imune a tudo! Constrói-se, não acredito no amor à primeira vista por um filho. À primeira vista um filho é um E.T. que aterrou na nossa vida, que se apodera de cada pedacinho de nós, e nós, que ainda não sabemos, damos-lhe cada pedacinho exigido e inventamos todos os outros pedacinhos que sejam necessários, e assim cimentamos o maior amor de todos! E não há volta a dar, é o nosso maior amor!
Desde que sou mãe sou um espécime imune a questões mundanas de grande importância para gente estúpida, estou-me, cada vez mais nas tintas para uma série de merdinhas do dia-a-dia, do diz-que-disse, da opinião dos outros.
Epá! Só ninguém me preparou para essa temática de grande relevância que é o convívio com vizinhos. Não tenho grandes queixas relativas aos meus vizinhos, muito possivelmente é precisamente o contrário, sendo que há uma mulher latina em mim, que se faz ouvir, ó lá se faz!
Excepto, claro(!) se uma das idiotas das minhas vizinhas deixa cair as cuecas à saída do elevador e para ali ficarem, caídas, no patamar… Agora as hipóteses são 3, são do 3º Esquerdo? Do 3º frente? Ou miiiiiiiiiinhaaaaaaaaas? Porra pá! Isto é matemático, tirando a dona das cuecas, há mais 2 hipóteses e eu estou lá metida no meio, sem culpa.
Tudo estaria bem, se meu querido marido fosse um homem atento a questões como: A cor das cuecas da minha mulher é…! O modelo de cuecas da minha mulher é…! Apesar de já ter visto todas as minhas cuecas, de as ter estendido na corda a secar vezes sem conta, nunca atentou como deve ser! E então? Perguntam vocês?
E entãoooooooo que era escusado depararmo-nos com as cuecas da vizinha no patamar e ele ter gritado:
-Epá! Deixaste cair as cuecas? Sãooooooo tuas? Ah Ah Ah Ah!
Terror, medo! Aqueles segundos em que olhamos e pensamos mesmo, serão minhaaaaaaas? Drama! Olhar em volta e em pânico! E ufaaaaaaaaaa, não são minhas! (mas também, que raio, não estou a ver que percurso teria eu que fazer para me irem ali parar umas cuecas, mas isto com crianças nunca se sabe…)
E então, eis-me no patamar a partilhar “alto e bom som”: “Não sãoooooooo miiiiiiiiinhaaaaaaaaas! Na esperança que a vizinha a quem também não pertencem, e caso esteja a ouvir, fique apenas com uma hipótese e não me inclua a mim nas suas conclusões, de quem será a dona das cuecas!
Apesar de estar quase imune ao mundo, de ser mãe de 2 filhas, de ter sobrevivido a 2 estadias na maternidade com direito a tudo o que uma puérpera tem direito, de já quase não ter vergonhas de coisinhas, as cuecas da minha vizinha esparramadas no patamar ainda me fazem corar e pensar: Opá, caraças pá! Ainda vão pensar que são minhas!  
Isso e a minha filha de 2 anos achar que pensos diários dão óptimos autocolantes e colá-los nas portas!
Quem disse que era fácil?
Mas é tão bom!
Parabéns Rosarinho!

24.9.12

Tienes rullers, pá?

Portugal é um país muito rico, em tantas coisas se vê a sorte que temos nascer e viver neste país. O território, o clima, as pessoas. Ah, as pessoas! Essas criaturas humanas, que por razões cósmicas e metafísicas vieram a este mundo enquanto portugueses. E ser português é isso mesmo, uma condição, uma vez português para sempre português. Não há volta a dar, por mais que viajemos pelo estrangeiro, por exemplo, pela tão cobiçada cultura escandinava, o hit do momento, não há hipótese, uma vez português para sempre português.
Quem mais grita, em altos berros e a plenos pulmões, com qualquer estrangeiro para se fazer entender? Gritamos: “AH SIM! SIM! PARA A BAIXAAAAAAAAAAAAA? DEEEEEEEEEEEEEESCE! VIIIIIIIIIIIIIIIRA À DIREITAAAAAAAAAAAAA! E JÁ ESTAAAAAAAAAAAÁ LÁ! “OKAPA”?” Nunca ninguém reparou é que, talvez, não sei, sou portuguesa, já usei a mesma táctica, por isso posso estar enganada, um português não se deixa intimidar por essa questão pequenina: “Ah esta pessoa só fala “estrangeiro”! Estrangeiro? Qual quê! Aos gritos e em português vai perceber de certeza!
Isto é verdade! Os portugueses acreditam mesmo que gritar, chegar mesmo a berrar em português, entrará nos ouvidos dos estrangeiros como palavras absolutamente percetíveis! A minha avó, em todos os inícios de conversa ao telefone, perguntava: “ Onde estás?” E então falava no volume que considerava mais adequado de acordo com a distância. A distância física ou mesmo a distância de “culturas” vai dar ao mesmo.
Tratar por tu, também parece resultar, sobretudo na loja do senhor originário da China (parece mal dizer a loja do chinês? dirão as pessoas superiores que poderá ser demasiado redutor! Há que ter cautela com os “portugueses de primeira” e suas opiniões pioneiras relativamente a expressões demasiado xenófobas, e eu não quero ser apanhada em falta!) que fala apenas, e agora arrisco, mandarim (será?)! E é ver felizes portugueses entrar e: “Olha lá, tens aí alguma coisa para os calos? E enceradoras, tens? Tás ouvir, pá? Porra este chinês não percebe nada… Dá-me aí 3 disto e daquilo!” Às vezes aqui, os felizes portugueses aplicam gritos, que gritos e tratamentos mais familiares resultam na perfeição com os estrangeiros.
Eu adoptei uma outra característica que acho que funciona na perfeição, a nossa velha mania de que somos um povo com “um jeito para línguas” fora de série. Então é ver-me feliz e contente na loja do senhor originário da China:
- Bom dia, procuro uma régua de metal! – Em português, versão calma;
-Xim! Hã?
- Régua de metaaaal! – Em português, aos gritos;
- Xim! Hã?
- A “ruller” de metal! – Em “ela por ela” inglês-português;
- Xim! Hã?
- “Unaaaaaaa réguitaaaaaaa de metalé”!– Em espanholês;
- Xim! Hã?
- (Fo%&#&$f&%f564SSEEEEEEEEE!SÓ EM PENSAMENTO, que sou educada!) Não tens réguas, meu? Pá, anda lá mexe-te! – Nunca o fiz desta maneira, mas como uma vez português para sempre português, qualquer dia também eu perco a cabeça na  loja do senhor originário da China! E passo a resolver tudo com mais decibéis, e com uns quantos tu cá tu lá!
E é apenas, quando finalmente começo a esbracejar, a gritar, em português em inglês em espanhol em francês e, já na loucura e no desespero, acho que por momentos, em mandarim (graças a um encosto “que se me desceu”!) lá consigo sair vitoriosa e comprar uma régua, não de metal mas de “plastic”! Menos mau! Mais uma Tuga que se safou! Oh Yeah!
E então porque é que estamos onde estamos? Com tantos recursos porque é que chegamos a este ponto? Somos imaginativos, criativos! Boa gente! Why people? Não podemos continuar com isto do “C`est la vie!” e preocuparmo-nos apenas com “where do you spend your vacances?”
Boa semana de trabalho, people!

21.9.12

Venham de lá esses ossos, pá!

Sempre tive um problema, uma pequena embirração com gente muito física. Eu sei, eu sei, eu é que sou uma besta, já estamos carecas de saber isso, e na hora do beijo e do abraço é ver-me escapar, de qualquer maneira.

Nunca fui muito beijoqueira, toda aquela cena Muaaac Kiss Kiss, como dizê-lo?, sempre achei demasiado lamechas.

Dei e dou uns belos beijos em meu marido, e volta e meia cubro de beijos as minhas pequenas herdeiras, epá, há beijos e beijos, há abraços e abraços.

Um dia, vinha da escola, um grupo de rapazes chega-se a mim, e vem de lá um, sem dentes, encosta-me à parede... e eu a olhar para aqueles dentes, pretos ou apenas buracos negros da sua própria inexistência e vá de tentar dar-me um beijo! Nojo! Tanto nojo que ainda hoje estou para saber onde arranjei força para o empurrão que lhe dei! Por sorte, não ficou zangado! E eu consegui fugir.

Ainda me lembro do meu primeiro beijo de língua (epá gosto demasiado de linguado, o peixe, para lhe chamar isso, portanto vai à brasileira) tudo em fila, miúdas, e um cromo qualquer, a dar beijos de língua às miúdas, era tipo o jogo do "batepé", mas com apenas um elemento masculino, os outros davam apenas força ou torciam-se de inveja. Nós, miúdas deviamos ser as mais anormais da história, e eu estava lá, Daaaaaaaaaaaah! Nem me recordo se o tipo era giro, devia ser péssimo, isso eu só imagino agora com 36 anos, às tantas tinha buço e borbulhas... Congelaaaaaa! Mais vale deixar isto no passado! Blanhc!

E nem vou explicar aqui todas as mil maneiras de fugir ao beijocanço a meio da missa, para mim uma das cenas mais, como dizê-lo... Arrrrrrrrrg! Pessoas na missa, direitas a nós para o beijo "fraterno", gente, que me desculpem, mas que eu nunca vi e não, obrigada, não me apetece dar beijinhos, apertozinhos-de-mãozinha, nã! Sou demasiado abestalhada, deixem-me estar, obrigada! Obrigadinha! Bazuca! Uma bazuca para mim! Obrigada!

3 experiências que explicam muita coisa, é verdade!

Sou como um iman para certas pessoas.

Pessoas que transpiram das mãos e dão "passoubemzinhos", de mãozinha mole, só a pontinha dos dedos, lânguidos, Ai! Eu às vezes também transpiro das mãos, mas sei de uns quantos truques para evitar ser desagradável para quem me cumprimenta! Nas obras (não, não fui trolha, mas para lá caminho, eu e todos, na Suiça!) de tanto subir e descer andaimes, toda eu transpirava, e assim que tinha que cumprimentar alguém, vá de raspar as mãos em qualquer superfície poeirenta e voilá, nunca havia problema, podia ser sujo, não era concerteza húmidozinho. Arg! Blanhc para mim! Sempre fui muito imaginativa! O comprimido tem ajudado!

Insistentes, "Então tudo bem?" Pimba! Palmadão nas costas!Bem já não te via há séculos!" Pimba! Palmadão no braço esquerdo! " Foooooooooooogo, tás igual!" Pimba!  Palmadão no braço direito!"Bem nem sabes quem eu encontrei e... bábláblá!" Normalmente por esta altura estou nauseada de tanto palmadão, e normalmente estes queridos interluctores, demasiado físicos, estão a dar-nos valentes palmadas com as costas da mão nos nossos braços com o mesmíssimo entusiasmo com que usam as palavras, Tás a ver? Tás a ver? E ao mesmo tempo tás, tás, tás no nosso braço... IRRA!

Os quebra-ossos, que há conta de não quererem ter nada a ver com os molinhos quase nos partem a mão em mil pedaços, CRRRRSH! Não vale de nada abrir e fechar a mão, já tentei, é inglório, a dor fica lá, o amassanço é tal, que a dor ainda dura uns bons 5 minutos, ao final do dia ainda nos vamos lembrar. Sobretudo se ao amassanço de nossa pequena mão lhe juntarem um valente safanão ao nosso indefeso braço, que na surpresa, é sacudido sem piedade. Um mimo!

E os que dão abraços? Não aqueles abraços que às vezes trocamos com um amigo, assim em jeito rápido acompanhado de um beijinho, não são esses. São aqueles abraços que recebemos se temos o azar de, numa feira exotérica, ir pedir informações sobre uma qualquer terapia alternativa e somos atendidos por uma pessoa boa, normalmente muito sorridente, com uma voz calma, e que fica logo a nossa melhor amiga e nos brinda com um lânguido "Fica bem" e nos agarra e fica para ali naquele abraço mole, muito encostadinho, palmas das mãos bem abertas nas nossas costas, a dizer umas cenas cool e peace and love... e BAZUCA! Tragam-me uma Bazuca! IRRA!

Tantos exemplos. O último, a menina  e o polícia! Se bem que vi uma montagem em que a menina foi substítuida pelo Cavaco e o polícia pelo Vitor Gaspar, e gargalhei!
A fotografia está gira, pá! Nós somos um povo de brandos costumes, não percebo bem o simbolismo, mas eu sou anhó! Há muita coisa que não percebo, será esta miúda o "Guedes" dos próximos, vá digamos, 3 meses? Também gargalhei com o "Guedes", mas nós tugas gostamos de esmiúçar tudo, nós e os telejornais portugueses, até à exaustão! Tipo o abraço do tipo exotérico, e dura e dura e dura!

Venham de lá esses ossos, caríssimos! Bom fim de semana!

20.9.12

Pim! Pam! Puns! Tem “masé” vergonha!

A vergonha alheia é pior que as nossas próprias vergonhas. Sentir vergonha pelos outros é terrível. E na maioria das vezes nem se pode fazer nada para remediar situações embaraçosas.
Eu sou perita em sentir vergonha pelos outros, em ficar tão à rasca como se de mim se tratasse, e nem preciso de conhecer pessoalmente a pessoa, se preciso for até as lágrimas me vêm aos olhos. De rir ou de chorar, é igual.
Tornei-me perita em casas de banho públicas, desde que, distraída, entrei, fechei a porta, lá fora aquela fila interminável, mulherio a transbordar porta fora (que raio! Eu também não sei porque é que as mulheres vão aos pares à casa de banho! Tenho algumas teorias, no entanto não sei de facto porquê! Terei um pequeno homem dentro de mim? Uuuuh! Faço xixi sentadinha, o que hoje em dia já não prova nada!) e eu, já trancada no cubículo, deparo com o maior “Tolan” da história (há uns anos uma amiga descreveu este momento brilhantemente, mas agora não encontro o link para o blog) e penso, em gritos silenciosos: “Opá ganda m***a, agora eu é que vou ter que limpar isto?! Raios! Senão vão pensar que é meu! Ganda M***a!”; Pois, hoje em dia ninguém me apanha desprevenida, antes de entrar faço logo uma inspecção milimétrica! Por causa das coisas, que andam por aí muitas porcalhonas! (Javardas é o que é, mas não queria ser tão dura nas palavras, sou delicada!).
Isto do “Tolan” flutuante fez-me lembrar um dos momentos mais embaraçosos por que passei. Nunca dei um pum em público. Mentira. Já dei silenciosos, mas nunca num espaço exíguo, tipo elevadores, ou até mesmo nunca em espaços fechados de maiores dimensões. Já me aproveitei, é certo, de levar ao colo uma criança de fralda e TZZZZZZZZZZ! Assim como assim tinha sempre desculpa: “Ai que temos que ir mudar a fraldinha! Sorrisinho amarelo e alívio garantido. Ora que há uns anos, numa aula da Universidade, numa daquelas em que anda tudo de pé a opinar os trabalhos dos outros, deu-se o caso de uma colega, mais velha, mega tia, com ares de não me toques, que eu até achava insuportável, se levanta de repente, estica o rabo para se debruçar sobre a mesa e opinar, como era seu apanágio, um trabalho de outro colega, e PRRRRRR! Não foi pum, não foi bufa, foi traque! Sonoro, barulhento, e eu ouvi! E ela viu que eu ouvi! Pediu desculpa, e continuou a opinar! E eu ali fiquei, aterrada, capaz de desmaiar, porque a seguir o cheiro espalhou-se, assim ao de leve, para passar a tóxico, e de seguida tornar-se de novo leve, por fim desaparecer! Ela manteve a pose, fez bem, eu passei por aquilo, vermelha que nem um tomate, se mais alguém reparou não me recordo, o meu maior terror é que, corada que estava pensassem que tivesse sido eu! Fiquei a gostar mais desta colega, não sei se por solidariedade ou por apenas ter confirmado que era apenas humana. E puns, caros, todos dão! Ah que alívio!
Por isto não vejo a “Casa dos Segredos”. Não para me armar em intelectual, ou mente superior, não vejo porque sinto uma vergonha transcendente por aquelas pessoas. O que faz querer ser famoso… Ao que se prestam! Serão mesmo pessoas diminuídas mentalmente, pessoas que apenas têm correntes de ar na cabeça e serão portanto dignas de compaixão, ou vale mesmo tudo? Sou mãe, preocupo-me.
Lembrei-me do Mr Methane. Sem palavras!
Lembrei-me porque não vejo concursos de talentos. Pânico! Ah minto! Vejo sempre os castings do “Ídolos”, choro a rir! Choro pelas figuras a que muitos se prestam, e fico a pensar, Oh Deus! Mas ninguém os avisou? Não têm amigos, família? Destemidos são, e isso gabo-lhes! No entanto… que vergonha que sinto!
A televisão não dá nada de jeito, ou é impressão minha? E agora ainda vão acabar com o único canal português que valia alguma coisa. Ah cambada de merdosos! Começa a passar-me a raiva e a ficar apenas esta vergonha, esta vergonha imensa por algumas figuras do nosso país! É que ter que partilhar o mundo com esta gente é pior que cheiros nauseabundos no metro em hora de ponta!
Ninguém puxa o autoclismo?
É pena.

19.9.12

Ó mãe, outra "vezze"?

A hora do jantar pode ser um momento verdadeiramente criativo. As nossas cozinhas podem ser diariamente fontes inesgotáveis de partilha cultural. O meu exaustor continua a garantir riqueza de sons e cheiros verdadeiramente multiculturais. Por sorte a minha vizinhança não é originária de países em que o caril é rei, senão acho que me dava uma crise nervosa todos os dias. Eu gosto de caril, gosto de especiarias, mas convenhamos que entrar-me e entranharem-se cheiros exóticos pela casa toda não é o meu ideal de estimulação olfativa. Vivo num prédio multicultural no entanto a vizinha de baixo cozinha “cheiros” relativamente familiares. A culpa não é dela, em dias que a exaustão do edifício demonstra toda a sua debilidade, bem que me apetece ser mega criativa e forrar o exaustor com “dodotes” (cheguei à conclusão que os “dodotes” servem para limpar tudo, tirar todo o tipo de nódoas, excepto claro, para limpar rabos, cocó e “dodotes” não se dão, aquilo é apenas um esfreganço de merdelim, cá em casa lavam-se rabos com água e sabão, para tudo o resto são milagrosos!) e em vez de fritos, fragrâncias mais agradáveis me invadiriam o doce lar!
No entanto é no tema, tão familiar e desesperante para qualquer mãe, ou pessoa responsável por alimentar famílias, “O que é o jantar?”, que nos tornamos verdadeiramente criativas.
Se não nas ementas, pelo menos nas palavras.
Peixe, nem sempre, muito por culpa minha que não lhe devoto nenhum carinho especial.
Carne só de vaca ou de perú ou de frango, porco cá em casa só em fiambre.
Batatas, só cozidas ou depois de cozidas e sobrantes, salteadas. Fritas, vão de reto, não frito coisas cá em casa, a paranoia com cheiros vem de longe (Unidose! Unidose!) e para fritos basta toda a minha região cerebral.
Arroz adoro, minha família não nutre da mesma paixão.
Portanto temos uma absoluta vencedora, MASSA!
- Óoooooo Mãeeeeeeeeee, o que é o jantar?
- Massa com carne!
- Aiiiiiiiiii outraaaaa “vezzzzzzzzzze”…
- Não! Não é nada outra “veze”!
A delicadeza das palavras e a criatividade culinária só se aprende com uma mãe, só convencerá crianças pequenas, no entanto é eficaz.
- Na segunda foi “carninha com massa”, na terça “ massinha com carne”, na quarta “esparguete e bifinho”, na quinta “ massonga com carnonga”, desde quando é sempre a mesma coisa? Ai, ai a menina, coma tudo “sásxavor!
Imaginam o que me rio por dentro com os acenos de cabeça em absoluta concordância com mãezinha? Uns amores as minhas crianças!
Caros não se esqueçam, criatividade, com massa, e com as massas! Que os tempos estão difíceis! Isto é que vai uma crise! Um senhor a dizer-me, com muita razão: "Os filhos estão a regressar a casa e agora voltam com filhos, o sossego da reforma dos pais está a mudar bastante, agora temos que os ajudar se não...!"
Se já eramos desenrascados, seremos agora um povo criativo! Outra "veze!, quantas "vezese" forem precisas! Olé!

18.9.12

FDS AKA FDS

A C., a T. e a V. foram ao café do costume. Blábláblá. Depois é sempre a mesma coisa com o M.. Veio de lá a H e toca de me enervar. Mimimimimi. Sempre que eu faço tricot é isto a L. e S. acompanham-me. A minha F. gosta muito de cereais, já a C. do meio é mais bananas e o P. pequeno sempre delirou com broas de milho. Garanto-vos não tarda passo-me à séria com o Y. e o X.
Quem lê blogs sabe do que eu estou a falar, não sabe?
Na vida real é igual, sempre tive um pequeno problema com iniciais.
Uma mãe à porta do colégio a dizer-me: “ Pois a minha filha já está no JI e mais não sei quê…”, mais não sei quê porque o meu cérebro começa numa fritura interna, crepita, crepita e nada! Ah! Lá volto à realidade! E percebo que está a falar do Jardim de Infância.
Estagiei num departamento da Câmara há muitos anos, nunca consegui decorar o nome, era do tipo DGUBRTDEDEDE, claro que não este exagero, a mim era o que me parecia e só do que me recordo. Provavelmente um daqueles departamentos que mais ou menos iniciais no nome não faria diferença nenhuma no que concerne a níveis de importância.
Hoje pus-me a pensar nisto e lembrei-me disto das iniciais e abreviaturas. Há tantas, que vou aprendendo todos os dias sobretudo a navegar na net, a ler blogs. Das abreviaturas que se usam em inglês, AKA foi talvez a que mais trabalho me deu a perceber, primeiro que eu percebesse, as voltas que eu dei… até japonês pensei que fosse, “Also known as”, o que eu fritei à conta disto! Isto é o tipo de coisa que me ocupa o cérebro, quando, por exemplo, aspiro ou passo a ferro, muito interessante esta minha vida, portanto!
Contudo há uma abreviatura que faz as minhas delícias (se calhar não devia usar esta palavra!), FDS, serve isto para fim-de-semana! Bom FDS! Apesar do “Bom”, eu lia sempre, graças ao meu cérebro desviado da órbitra, “Boas FDS”! Pessoas, não preciso de dizer ao que isto me soava, pois não? É que marido e minha mãe acham que já estou a esticar-me na linguagem utilizada por estas bandas. Oh Well!
É que com isto da TSU para ali e TSU para acolá, só me apetece esticar o dedo “põe tudo na ordem” e sair-me com uns quantos: “Tsu, Tsu, isso não se faz! Ai, Ai!
Isto tudo para dizer que por aqui o meu marido não se vai chamar Guê, nem passo a ter filhas chamadas Erre e Eme, eu não me chamo Jota, não passo férias numa praia chamada EsseTê, nem tenho um gato Ene e um outro Efe. Era giro, eu, rua fora, a gritar: "Erre, Eme, venham cá já à mãe! Ai, ai as Emes!
E gosto mesmo muito de  FDS´s! Por falar nisso, ainda faltam 4 dias!
Boa semana, caros!

17.9.12

`Tás surda, Ó quê?

A menina da loja de aparelhos auditivos acha que não. Lá está ela, aquele ar imaculado, com sua bata branca, na rua, a distribuir panfletos. Eu passo, e nada. Será que vê em mim a miúda que está, lentamente a desaparecer? Se sim, obrigada menina da loja dos aparelhos auditivos. Se não, é porque não a ouvi dizer nada, estou surda que nem uma porta, ela bem olhou para mim, que eu vi, mas nada de panfleto. Olá, bom dia! Aquela simpatia amarela de quem distribui panfletos, aquele sorriso forçado, e nós com aquele ar de “Não, não obrigada! E a pensar: Olha-me esta deve achar que estou surda”, mas nada. A mim a menina não me dá panfleto. Terão os surdos algum aspecto que os diferencie? Normalmente costuma-se logo ser alarve e achar “Ah, é velha, é surda!”.
Pois que não!
Lá em casa as surdas são as crianças. As duas são moucas. As duas “estão tão” no otorrino que nem calculam. Qualquer dia compro um megafone. Juro, o que não falta aí são lojas de chineses com tecnologias espectaculares, terão com certeza um “mega Megafone” de última geração. E eu vou-lhe dar uso, ó lá se vou!
Eu calma: Vão-se calçar!
Eu ainda calma (notem o “lá” na frase!): Vão-se lá calçar!
Eu a começar a passar-me: Por favor vão-se calçar!
Eu passada: Não ouvem? Não “óooooooveeeeeem" nada?
Eu, em versão megafone caseiro: Ai que caraaaaaaaaaças pá! CALCEM-SE JÁ! CALCEEEEEEEM-SE jÁAAAAAAAAA! ARGGGGGGGGG!
O querido marido diz sempre: “Que gritaria, francamente, é preciso gritares dessa maneira?”
E não tarda o efeito boomerang. Graças a alguma divindade ou encosto, existe o efeito boomerang. E então, sua excelência vai lá tentar resolver tudo com suas adoráveis meninas e, claro, em menos de nada, lá está o pobre homem em plena gritaria, a arfar: “Ai que caraaaaaaaaaças pá! CALCEM-SE JÁ! CALCEEEEEEEM-SE jÁAAAAAAAAA! ARGGGGGGGGG!”
Podemos aplicar isto a tudo, vai-te calçar, vai-te assoar, vai-te deitar, anda cá, está quieta, vem-te vestir, MAS TU NÃO ESTÁAAAAAAAS A “ÓOOOOVIR”? NÃO, AS CRIANÇAS SÓ OUVEM O QUE QUEREM, O QUE QUEREEEEEEEEEEEM!
Já estou assim, por qualquer coisa grito, às vezes fazem-me uma pergunta simples, tipo o que é o jantar? E eu respondo num berreiro: “BIIIIIIIIIIFEEEEEEEEEES, SÃOOOOOOOOO BIIIIFEEEEEES, TÁS ÓOOOOOOOVIR?”.
A solução está no megafone. Deu para perceber isso no sábado. Tantos megafones na rua ter-se-ão feito ouvir? Acredito que sim, para bem de todos. Cá em casa vou aplicar o mesmo sistema, a cada plano de austeridade aplicado (sim, em casa todos sofremos com a austeridade imposta pelas criancinhas, tiram-nas a santa paciência, esgotam-nos a energia, tem semelhanças, não concordam?), por crianças desobedientes, a seus pais cumpridores, que trabalham desaustinadamente, para que pequenos seres tenham tudo, vai de megafone, bem alto, “´TÁS ÓOOOOOOVIR, `TÁAAAAAAAAS?”. É bom que estejas!

14.9.12

Apesar de tudo

Apesar de antes das férias estar com as "2 bestas do diabo" pelos cabelos, agora já estou com muitas saudades dos meus gatos. Estão a passar férias no Algarve e só voltam em Outubro. Os meus fofinhos. Em Julho passou-se assim:

2,2Km desde a saída do metro do Aeroporto até à Rua Acácio Paiva, em Alvalade. Estou tão cansada! Esperem , não me julguem uma piegas, porque estou habituada a andar a pé. Sou daquelas pessoas que estaciona o carro longe, bem longe para não ter que pagar parquímetro e aproveitar e fazer algum exercício. Estou cansada porque com as noites que tenho tido, não vou aguentar muito mais tempo!
 


Então que adormeço aí por volta das 11h30, fico tão feliz quando o despertador me diz que ainda faltam 7 horas para acordar.

Pessoas, o meu horror e drama começa por volta das 3h. Tenho 2 gatos que se começam a passar por volta desta hora, começam aos pequenos guinchos um para o outro, o que começa por ser brincadeira passa logo a perseguições desalmadas por toda a casa (à parte a que têm acesso à noite!), há noites que eu acho que até relincham e trepam paredes! Acordo, descabelada, em pânico que acordem a Rosarinho e a Mercês, e então aí era o bom e o bonito, olarilas se era! Começo eu a grunhir, há noites em que que até eu relincho e só não trepo paredes por questões de "saúde". Por voltas das 4h ainda andam a miar em jeito de cantiga, tipo sei lá o quê Meu Deus! Por esta altura já fiz 3 xixis tal é a camada de nervos em que me encontro! Quando parece que tudo acalmou e eu ainda tenho 3 horas de sono, a Mercês começa a falar muito alto, a sonhar, vou lá e não é nada, dorme como um anjo.
 
Quando já tenho o corpo pesado de sono e estou quase quase a adormecer, aquelas 2 bestas do inferno voltam à carga e começam a sua performance de grilos, o som que fazem é o que parece. É nesta altura que eu já passada, entro na cozinha, normalmente com 2 chutos bem dados no lombo de qualquer gato que me passe à frente! (As associações de defesa dos animais que vão apanhar favas e não me chateiem.) São 5 horas da manhã e eu estou feita escrava a dar comida a sua excelências! Às 5h30m, como se alambanzaram, e infelizmente se lavam com a língua e engolem "meio gato" de cada vez, começam com vómitos que começam sempre em pocinhas de baba que terminam um percurso directo a bolas de pêlo vomitadas no tapete (claro Murphy, claro Murphy, ninguém duvida de ti!) e eu a praguejar e a apanhar vomitado senão já sei que quando me levantar daí a 30 minutos, sim porque já são 6 horas, é tão certo como eu ser uma pessoa à beira loucura que vou pôr o pé em cheio na poça de baba com saliva e rolos de pêlo! Às 6h30m levanto-me como se tivesse levado uma tareia e aí começa o 2º turno, desta vez com 2 criancinhas, mas isso dá outro post! Estou cansada pessoas, muito cansada e ainda só são 12h, só me faltam mais 11horas.
 
Depois já estava a entrar na loucura e a 25 de Julho gritei:
 
"Dêem-me um tiro na cabeça!"
 
Já estava praticamente insana.
 
"Dêem-me um tiro na cabeça" ou como enlouquecer entre as 2h e as 6h da manhã

Pois que hoje voltámos à carga.
Entre crianças histéricas de noite e gatos possessos venha o diabo e escolha.
A minha criança de 2 anos deu um grito de guerra eram cerca das 2h da madrugada e não mais se calou até bem perto das 6h. Decidiu sua excelência que queria companhia para dormir, nem a irmã na cama ao lado a convenceu! Aliás, essa coitada teve que ser barricada na nossa cama para poder dormir, já só dizia - Calem-na! Eu quero dormir!

Caiu o carmo e a trindade, chorou de 10 em 10 minutos, por vezes em espaços de 5 minutos, eu sei porque para me acalmar comecei a fazer uma meditação apoiada no relógio despertador.
O pai passou-se, eu passei-me (Ah então ontem queixei-me da linguagem utilizada pela criança mais velha, o "comer" e mais o "bué", nada disto queridas pessoas pode ser comparado com o rol de asneiras que me saiu boca fora madrugada dentro! O que vale é que a criança qua as ouviu ainda só tem 2 anos e de manhã já nem se lembrava da cena macabra que protagonizou na sessão da noite!) e claro que as 2 bestas do diabo se passaram e vá de participar com tudo a que têm direito, correrias, operetas miadas, VOMITADO, no qual eu pus o pé em cima por volta das 4h30m! ARRGGGGGG! calculam o estado de nervos? só me lembrava do fernando Nobre e isso pode ser sinistro, muito sinistro!

A criança só adormeceu na cama da irmã junto com o pai, e assim se deitam por terra todas as teorias de como educar uma criança para que durma toda a noite tranquila na sua cama! Uma filha é uma coisa e a outra filha é outra coisa completamente diferente! Hoje ou vai ou racha, que crianças a dormir fora das suas camas e a dominarem de madrugada é coisa que eu não tolero, ou isso ou estou como o outro " dêem-me um tiro na cabeça porque sem tiro na cabeça eu vou pôr todos a dormir, cada um nas suas camas".
Hoje estou toda amassada, já pequena traquina entrou na escola aos saltos, histérica, será que isto lhe dá o efeito contrário e em vez de cansada fica eléctrica? Como será esta noite? Estamos tramados!

Pessoas deixo-vos o original!
 
 
Sei que quando voltarem, virão loucos, porque tiveram jardim para saltar e brincar durante 2 meses, e agora vão ter que se (re)habituar a um apartamento. Numa semana vou estar com eles outra vez pelos cabelos. Agora tenho saudades. Uma pessoa habitua-se.
 

Os Sapatos de Cunha ou a Gabriela que há em mim.

Sim, a Gabriela Cravo e Canela. Não, não vejo a telenovela.
Os sapatos de cunha são daquelas cenas que ainda bem que alguém se lembrou. Se não era português, bem podia ser, porque com esta calçada, estamos sujeitas a tudo com uns sapatos de salto alto nos pés.
Nos dias em que opto por sapatos altos, dou preferência aos de cunha, agora no verão, uso umas sandálias com cunha. Tenho-as há anos, são discretas, têm apenas uma tira de pele à frente, de um tom creme muito suave, e prendem no tornozelo. Têm a cunha em cortiça. E não estão incluídas nas coisas “must have” que “muita stylista” (e já há muitas destas senhoras a mandar “bitaites” ou é só impressão minha?) do nosso país apregoa por aí.
Bom, isto para dizer que nestes dias há uma Gabriela dentro de mim. Umas cunhas bem altas e é ver-me assim a andar e a dar trejeitos ao rabo, discretíssimos, mas a achar-me! E lá vou eu, rua fora, tec tec tec tec. O problema é que andar de “cunhas” e ser distraída como eu não está a dar, ou até está, a dar uma estalada ou um bofetão involuntário na nuca ou nas costas de qualquer pessoa que vá à minha frente e que não mantenha uma distância mínima de pelo menos 1 metro! Mulheres, e até homens que usam cunhas, sabem do que eu estou a falar, não sabem? Aquele pé mal posto numa passada e UuÔoUuuú! A perna tremelica, o pé dá de lado e quase se dá o estatelanço na calçada, os tornozelos dão de si mas um safanão com um braço assim pró ar, que só não acerta em ninguém por milímetros, reequilibra-nos e UFA! Quase que era desta! (e agora venho falar de vergonhas, há pior que cair no meio da rua, ficar assim sentada no chão de perna aberta, tentar levantarmo-nos e – porque raio é que trago toda esta m***a dentro da mala? É um peso, um peso que me puxa, agora para me levantar vou ter que esticar o rabo todo para fora… estão a ver a cena!)
As cunhas podem ser perigosas, muito perigosas! E existem de todo o tipo. Piores são aquelas que se impõem, aquelas “cunhas" que nos mordem os pés, aquelas "cunhas" que nos passam por cima e nos destroem a esperança porque são maiores que nós, são mais poderosas, não são melhores que nós, são apenas mais desavergonhadas por isso abanam-se mais, acham-se mais.
Eu já sabia, as cunhas, não as há só de cortiça, de pele, ou qualquer material sintético. As cunhas quase nos fazem cair a cada passada, mas não nos vergam. Uma “cunha” deste tipo quase me vergou a esperança, num concurso público, no qual fiquei em segundo lugar (é sempre o lugar mais amargo!) porque dessa vez não me valeram excelentes capacidades de “tornozelo” e infelizmente quando dei o safanão para não cair, não acertei em ninguém e foi uma pena, dessa vez foi uma pena!
Por isto, cunhas só nos pés, mais não seja para chegar ao balcão da pastelaria, com pose, e comer um pastel de nata. Leva canela que é o que nos vale, não leva Cravo, o que é uma pena, nos dias que correm.

13.9.12

Vergonha e vergonhas

Durante anos, aliás durante toda a minha vida carreguei a maior vergonha de todas. Para a maioria das pessoas não pode ser considerado uma vergonha, mas para mim tem um peso tão grande como uma vergonha imensa.

O meu nome. Quem me conhece sabe que o odeio. Todo. Não é o primeiro, não é o último, é mesmo o nome todo.

Desde que tinha para aí uns 3 anos e me apercebi que me chamava Julieta Emília. E que este era dos nomes mais feios que alguém podia ter.

Nesse dia eu estava no laboratório de análises clínicas, uma mulher de bata atrás de um balcão chamou: " Sra D. Julieta Emília", tinha chegado a minha vez, era dia de tirar sangue com uma agulha, que aos 3 anos nos parece gigante, mas que nunca me afligiu, porque o laboratório de análises clínicas era mesmo ao lado do "Pão de Açucar da Alameda" e a volta na "Abelha Maia" que a minha mãe me prometia,
se  eu não chorasse nas "análises", era suficiente para me tirar qualquer receio da agulha.
No entanto naquele dia, ao atravessar a sala de espera com toda a gente a rir porque, afinal a Sra D Julieta Emília, era apenas uma menina mínima de 3 anos, e não a velha de 120 anos que toda a gente julgou, porque ninguém no seu juízo perfeito dá este nome a uma criança. Os meus pais deram.

Em nome de amores perdidos por familiares que já partiram eu carrego esta cruz na minha vida.

Agora que tenho 36 anos começo a aceitar este karma, o constante virar de olhos que sinto em cima de mim de cada vez  que digo o meu nome.

Porque quem chama Julieta Emília a uma filha não se fica por aqui não é verdade? Então vá de ser criativo e aproveitar todos os recursos.

Julieta Emília Iglésias, se é para ser então que seja à grande.

Não vos conto as vezes que me perguntaram pelo Romeu, em adolescente cheguei mesmo a cruzar-me com 2 "pobres" que se chamavam Romeu, nunca lhes consegui dirigir a palavra, nunca. Imaginam o que era? Romeu e Julieta, e um, coitado, era feio que doía...

As gerações mais novas já me brindam com o Dartacão, mas com esses posso bem, já estou calejada.

Os amigos todos me tratam por Julie, e eu gosto e identifico-me, mas juntem lá o Iglésias... um mimo!

Julieta Emília Iglésias Batista Neves.

E pronto está dito. A minha filha com 5 anos só há muito pouco tempo soube que eu me chamava Emília, porque até dela escondi.

Depois um dia, não sei quando, descobri o valor que tem ser diferente. E assumi. Se é para ser então que seja à grande.

Julieta Iglésias.

Uso-o para tudo. Profissionalmente é assim que me conhecem, pessoalmente é assim que me apresento. É meu e não vou ter outro.
E garanto-vos há momentos verdadeiramente hilariantes. Desde a senhora, empregada de balcão das unhas de gel vertiginosas, concerteza fã do Toni Carreira, que acha o meu nome romântico quando o escreve no talão das calças que ficam para fazer a bainha, ou os que ficam roxos com vontade de rir e eu os brindo com um "cala palermas": " Os meus pais foram muito criativos!"

Vergonha é dar um pum em público, espirrar e ficar com a mão cheia de ranho, viscoso e escorregadio e não saber o que fazer. Vergonha é fazer xixi fora do penico.
Eu já começo a ter pouca vergonha, não sou pouca-vergonha, escrevo o que me vem à cabeça, gosto de partilhar dissertações sobre momentos da vida nos quais reparo e que, vai-se lá saber porquê se esbarram no meu caminho diariamente.

E agora deu-me para isto, voltar a bloggar. Seja o que for!

12.9.12

A mãe de todos

Depois de sermos mães tudo muda. Para além de sermos mães das nossas crias passamos a ser mães do mundo.

Desde o primeiro dia de escola das minhas filhas, e a Rosarinho entrou com 5 meses na creche, que sou mãe de todo um grupo de funcionárias, o que ao início me fazia muita confusão, porque convenhamos, a nossa criança ainda bébé nem sabe falar quanto mais dizer mãe, e ter um grupo de mulheres a chamarem-me mãe era muito estranho, agora já estou habituada.

E somos realmente mães em todo o lado e a toda a hora. Lembram-se da mãe estilosa de saltos agulha com quem me cruzo à porta do colégio? Se não me controlo era bem capaz de me sair um: “Dá cá a mãozinha, dá cá, para não caíres na escada!”.

A gente malcriada na rua só me apetece distribuir uns quantos: “Ai ai ai, ainda levas uma palmada!”

Mas é no que concerne a cocós e xixis e ranhos, qua as mães se tornam exímias. Impávidas e serenas, falamos de cocós a qualquer hora e em qualquer situação, dominamos na perfeição toda uma paleta de cores e texturas de cocó. Xixis passam a ser uma cena altamente dominada por qualquer mãe e ranho até o chupamos com toda aquela parafernália e kits desentope narizes. Depois de sermos mães aguardamos pacientemente que tubinhos de “bebé gel” façam efeito e damos gritos de alegria quando tarolos do tamanho do “Deus que me livre” saem gloriosos de dentro de um mini buraquinho, é certo que ainda ficamos pasmas com este fenómeno mas na verdade o corpo humano é fantástico.

Há muitos anos um colega da escola borrou-se todo (desculpem a dureza da palavra mas achei que “cagou-se” todo fosse bem pior de dizer!) numa aula de trabalhos oficinais. Começou por cheirar a Pum, mas depois era demasiado tóxico para ser apenas um Pum e rapidamente se descobriu o infeliz dono de umas cuecas borradas. Ele saiu a correr da sala e toda a turma correu atrás dele, recreio fora, a gritar: “ Borrou-se, borrou-se!”. Se eu pudesse ir atrás no tempo, tinha-me dado tantas bofetadas, a mim e aos meus colegas, que nem calculam! Como isso é impossível, sei que um dia o universo vingará o meu pobre colega e cada um de nós que se riu naquele dia terá o seu momento “Pum! Olha já te borraste” e será muito bem merecido!

A mim o universo já me foi dando momentos do tipo: “Lembra-te que um dia serás tu!”.

Este verão tive que levar o marido muitas vezes ao aeroporto. Numa dessas vezes e já um pouco em cima da hora, peguei na Mercês ao colo e vá de brincar! Epá, será que não fez cocó, parece que cheira! Não, não fez, lá estás tu! Confirma aí! Opá não fez, deve ter sido apenas um “desabafo”! Como ninguém confirmou (porquê?) continuei feliz da vida com adorável criança ao colo. Quando saiu do meu colo porque já estávamos com pressa para ir para o aeroporto, eis que a minha perna, as minhas calças cor-de-rosa, em sarja (tecido duro!) numa grande extensão apresentavam-se todas BORRADAS! Uma pincelada de cocó puro, assim bem agarrado! Depois, bem depois foi toda uma sucessão de acontecimentos com gritos e esgares de horror para me livrar daquilo, não estávamos em casa, estávamos demasiado longe de casa, esfregar toda uma “perna de calça” com sabonete, nem sequer considerar a hipótese de usar umas calças da sogra (somos de números completamente diferentes, ai não!) e sair de casa com uma perna toda molhada, de um lado rosa claro do outro rosa escuro, e um cheiro a merdelim! Porque o cheiro de merda (é isto que se chama, não me venham cá com ternuras, ai o cocó… merda!) não sai assim! Não sai não!

E depois do aeroporto dei por mim na H&M do Colombo (e o cheiro a merda, ai o cheiro!) na fila para pagar umas calças que comprei sem experimentar, a olho, e em mega aflição que alguém na fila (EXTENSA) para pagar sentisse o cheiro a merda, senhores, merda! Porque do aeroporto eu tinha que ir directamente para uma festa de aniversário na Ericeira! Um mimo!

Com episódios destes, que acredito que mais cedo ou mais tarde todas as mães passam, tornamo-nos “Mãe de todos”, excepto minhas queridas, de nossos maridos, companheiros e afins. Mulheres adultas que deixam que suas caras-metades as tratem por mãe, ahhhhhh… como dizê-lo? É estranho! A mim não me soa nada bem!

Portanto temos apenas que soltar a “Mãe” qua há dentro de todas nós (e pais, porque há pais que são verdadeiras mães!) e começar a agir, o nosso país afunda-se em merda, temos que “lhe mudar a fralda”, não há como disfarçar, o cheiro começa a ser nauseabundo!

Bibliotecária ou funcionária da repartição 1983, “jamé”!

Não uso óculos, preciso, mas não uso. Por um qualquer mistério as armações fazem-me um formigueiro insuportável no nariz e rapidamente deixo de os usar. Já ganhei uma ruga de expressão de tanto franzir o olhar para focar melhor. O uso de lentes não se justifica, porque ainda não é uma falta de vista à séria.
Este verão comprei uns óculos de massa, daqueles bem nerd, sem graduação, só para armar. Até que me ficam bem, mas aquele formigueiro.

De vez em quando faço destas, compro coisas que acho que me vão dar algum estilo, porque se há alguém neste mundo com falta de estilo, com todo um élan digno da mais croma das bibliotecárias, sou eu.

Não há hipótese, baixa, mamas assim pró grande, barriga, qualquer saia mais travada me faz parecer uma funcionária da repartição dos idos anos 80.

A isto ainda juntamos um cabelo, que não é liso, não é encaracolado, é volumoso, muito volumoso.

Durante anos e anos não quis saber disto para nada, era nova, não tinha rugas, nem cabelos brancos, e todo o dinheiro extra que tinha investia sempre no meu maior vício e prazer, velharias, móveis e objectos, até ficar com uma arrecadação a rebentar pelas costuras e sem sítio para pôr nem mais um alfinete.

Maquilhagem nunca usei, excepto no dia em que casei, mas confesso que agora me apetece. O ar amarelo com que acordo no inverno ainda me deixa mais deprimida.

Ter uma pequena criança que às vezes me pergunta: “Vais assim?” Faz-me acreditar que realmente já se nasce com uma noção de estilo, e ela tem-no, e gosto por se vestir e arranjar, não foi comigo que aprendeu.

Em dias mesmo deprimentes, daqueles em que qualquer calça de ganga e qualquer parte de cima me serve, cruzo-me inevitavelmente com as mães mais estilosas da escola, há uma que até vestidos coleantes e sapatos agulha usa, fresca que nem uma alface logo às 9 da manhã, mamas de silicone bem enfiadas num decote generoso. É certo que está sempre na iminência de se estatelar pela escadaria do colégio abaixo, mas o raio da mulher está sempre assim impecável, como é que aguentam estar assim o dia inteiro? Hirtas dentro de um vestido apertadíssimo e em cima daquelas plataformas? Eu às 9 da manhã já estou knockout, entre afazeres doméstico e criancinhas birrentas de sono.

ARRRRRRRRRGGGGGGGGGGGG! Isto foi o mais perto do grito do Ipiranga que consegui! Estou decidida a mudar, até já ando a ver vídeos no you tube para aprender a maquilhar-me, e digo-vos que tenho encontrado pérolas dignas da melhor comédia nacional, até há uma miúda que é a pirosa e diz olá pirosas, dá conselhos de maquilhagem a partir do seu quarto, uma maravilha!

A falta de dinheiro é que é uma grande chatice, por agora vou ter que fazer muito com muito pouco, o Passos Coelho com aquela mania: “ Ai que vou saquinho na mão ao supermercado!” Com aquele ar suburbano, retira-me tudo até ao tutano e não julgue agora ele que eu vou andar com este ar de repartição 1983 porque sua excelência decidiu que temos todos que assumir este ar de Massamá de Cima. Levaste-me o dinheiro mas não me levarás o glamour, “jamé”!

E a dica para esta semana, neste esforço colectivo a que nos obrigam, em jeito de ajuda-o-teu-governo-a-governar-este-país bem podia ser. “Ó Passos, enfia lá a cabeça no saquinho do supermercado e aguenta lá sem espernear para ver o que te acontece! Pois, estás a ver que sufoca? É mau para a pose e a para as rugas! É basicamente o que sentimos todos quando enfiamos a cara nas contas que nos envias todos os meses!

E agora ainda vamos ter que sobreviver a tudo “feios”? Sem estilo, “mamalhudos” (que também os há!) Não! Estou portanto num processo de valorização pessoal, darei notícias!

Modernices ou pequena rubrica feminina.

Modernices há muitas. Sou mais dada a velharias. Sempre gostei de coisas com alma. Com história. Com marcas do tempo. Isso e cuecas confortáveis.
Não sou portanto uma pessoa de cuecas fio dental. Várias razões me levam a esta escolha.

Enumero duas:

- Cuecas metidas no rabo. Não há pior, e nem precisamos de usar cuecas fio dental para nos lembrarmos do desconforto que é. Cueca normal, desvia, desvia e pimba, meia cueca enfiada no rabo e agora? Estou na rua, adoptei a moda da calça de ganga justa, e nem são “skinny” mas são justas, tento puxar sem alaridos, passam dezenas de pessoas e não vai dar, vai mesmo parecer que estou a coçar o rabo e isso não se faz! Agito uma perna e dou um saltinho, não dá! Aflição, isto está muito desconfortável! Entro no café, tive a boa ideia de ir à casa de banho, vou consumir qualquer coisa para não parecer mal, ai porra agora tenho que estar de pé e este elástico que me está a matar! Sento-me, pior! Desconforto! Quem no seu juízo perfeito consegue estar um dia inteiro com os dois lados da cueca, ou melhor com toda a cueca enfiada no rabo? Casa das Cintas, senhoras! Cuecas de algodão confortáveis e mais não digo!

- Calças de cintura descaída e cuecas fio dental! Preciso dizer mais alguma coisa? Não uso umas nem outras… tzzzzzzzz não, não é bonito ok? Sentadinhas, na conversa, cadeiras da esplanada sem protecção para as costas e esquecem-se que a cintura e toda a zona tardoz transbordaram das calças e agora aquilo se vê é um rabo meio à mostra e aquela cena deprimente das cuecas de fio dental em todo o seu esplendor! A comum das mortais muitas vezes se esquece que a beleza está em cada um, querer ser uma menina do cartaz da “Victoria Secret`s” não é possível para a maioria! Valorizem-se mulheres, embelezem-se de acordo com o que têm, não queiram parecer o que não são, usar e o que não vos favorece, só porque fica bem a alguém, são capazes de ter uma surpresa! Agradável!

São temáticas como esta que me ocupam os pensamentos por estes dias, isso e porque diabos, os dentistas, todos, sem excepção, depois de nos enfiarem aquela cena sugadora na boca, de estarmos de goelas abertas a tentar não sufocar, veem direitos a nós com a broca e desatam a fazer-nos perguntas… pretendem resposta?

Agora imaginem: Cuecas enfiadas no rabo, goelas abertas no dentista, brocas a ameaçarem-nos os dentes, haverá pior? Desde sexta-feira que sim, porque desta vez mexe com o rabo de toda a gente. “Obrigada” Passos Coelho.

Exaustores e portas abertas ou as paredes têm de facto ouvidos ou ser meu vizinho

Ser meu vizinho é, no seu todo, uma alegria. Emoção diária, cenas dignas de “tenovela” (ouvi esta palavra all summer long em qualquer uma das praias onde estive, descobrindo assim o que os portugueses fazem, na sua maioria, após um dia de praia. Casa-banho-jantar e, ah deleite, ver a “tenovela” – Rápido! Rápido! Gritavam famílias inteiras à saída da praia!).

Pois os meus vizinhos são uns privilegiados. Têm-me. Não precisam de mais nada.

De manhã, já no hall da minha casa, tudo aos gritos! Calça-te! Pára com isso! Despachem-se! De rabo espetado a calçar miúdas, a discutir incumprimento diário de horários de alvorada com o marido. Para a próxima acorda mais cedo! Se não demorasses tanto tempo na casa de banho! E tu? E tu? E tu? E eu? E eu? E eu? Aaaaargggggggggg! Grrrrrrrrrrrrrr! Porraaaaaaaa! Despacheeeeeeeeeeeem-se, eu vou-me passar não tardaaaaaaa naaaaaaa/(&)%/&%/da! E é quando me viro, que noto que alguém, provavelmente um dos pequenos seres que habitam lá em casa, já fez o enorme favor de abrir a porta, e especado está o vizinho, que por uma qualquer razão que não me interessa, não tem filhos, portanto não sabe (PESSOAS COM FILHOS=PESSOAS QUE SABEM, PESSOAS SEM FILHOS=PESSOAS QUE NÃO SABEM, há um antes e um depois de ter filhos, ou se sabe ou não se sabe, o meu vizinho não sabe!). Especado, e eu a morrer de vergonha! Digam Bom dia meninas! Só dizem se quiserem e eu não insisto, cabisbaixa que vou até ao piso -2, a torcer para que o vizinho não me perceba despenteada, vestida às 3 pancadas, que aguente a viagem com todos nós, mais as lancheiras em cima dele, pessoa perfumada, engomada e penteada! Isto até uma sorte porque às vezes calha cruzarmo-nos com a vizinha da frente e tudo piora para o meu lado, BURACO! BURACO! A minha vizinha da frente é a PESSOA QUE SABE, que por uma qualquer razão metafísica, está sempre gira e alta e loira e perfumada e engomada e sua criança imaculada no seu “ovo” cor de rosa e o seu marido prestável e sempre sorridente, pois que cruzar-me com esta família é o suplício! Tenho a sensação de que sou um balão, que apertamos e apertamos, vai-se deformando e PUM!

À tarde, quando calha estar em casa, aproveito para adiantar coisas, normalmente calço-me e visto-me com roupa confortável, e não são poucas as vezes que tenho mesmo que ir à arrecadação, no piso -2, e penso sempre mudar de “outfit”, depois penso, para quê? Só com muito azar vou encontrar alguém a meio do dia no elevador! Ah mas isso era se eu não fosse eu! É incrível, não só encontro gente, como encontro para cima, para baixo, em vários pisos, a vizinha da frente sempre gira e alta e loira e perfumada e engomada aparece! Encolho! O palerma do 2º andar que fuma no elevador aparece! E eu que lhe dizia umas boas, mas resta-me recolher um pé com chinelo e entreter-me a coçar a perna, se é para parecer descabelada e “Féllinica” então tenho direito a tudo! As empregadas da limpeza com farda de trabalho aparecem! Olha agora se aparecer alguém parece que faço parte da equipa, até não é mau de todo! O vizinho giro lá de uns andares de cima aparece, a meio pára o elevador e entra a sua gira mulher, outra perfumada! Oh sorte marreca! É por estas por outras que o país está em crise, NÃO SE TRABALHA? /&%%&/(&/(&(&//(FGTRt*!

À noite, com a barriga encostada ao fogão a fazer o jantar, oiço os vizinhos de baixo através do exaustor, se quisesse ouvia com pormenor, muitas vezes aumento a potência do exaustor porque estou-me nas tintas para o que dizem! Até porque tenho bastante com que me entreter! Venham para a mesa! Venham! Quantas vezes é preciso chamar? Hã? Venhaaaaaam jáa! Comaaaaaaaaam! Não mexas no cabelo com as mãos sujas! Não mexas no cabelo da tua irmã com as mãos sujas! Páaaaaaara! Porraaaaaaaaaaaaa! Olhó prato! Aiiiiiiiiiiiii! Que raivaaaaaaaaa! Quem é que mandou mexer no prato da tua irmãaaaaaa? Tudo no chão!!! TUDO NO CHÃO! Eu passo-meeeeeee! EU dou-vos palmadas não tarda naaaaaada! PORRAAAAAAAAAA PÁAAAAAAAA! Não queres comer não cooooooomas! PUM prato da sopa a voar para o lava loiças, porque uma mãe às vezes passa-se à séria! Espera lá, se eu oiço o que os vizinhos de baixo dizem, com todas as letras, ups, o que pensará de mim a criatura de cima? Resta-me a esperança na humanidade, talvez aumente a potência do exaustor… talvez!

De madrugada, nem vale a pena falar, os gritos que dou atrás dos gatos, criaturas do diabo, são suficientes para a confirmação do meu diagnóstico!

A praia, de que eu não tenho saudades.

Já lá vai o tempo em que eu gostava da praia. Estávamos nos anos 90. Passava lá os dias. Inteiros. Dormir à sombra do chapéu (sempre levei chapéu de sol, mesmo mil vezes gozada nunca desisti de o levar!), apanhar sol, esturricar e ganhar um mega bronze, mil banhos, conversas, esplanada, gelados, beijinhos salgados (há uma lamechas dentro de mim), chegar tarde à praia, sair de lá já quase de noite. Ah outros tempos.

O último verão que tive com dias de praia assim, tinha já uma barriga de 8 meses e a minha primeira filha aos pontapés dentro de mim.

Depois, bem depois comprámos um carrinho com rodas no IKEA e suca que se faz tarde.

Acordar cedo, normalmente nos primeiros dias as petizes ainda estão com horários de escola e acordam com as galinhas. Neura. Prepará-las, fatos de banho e creme posto. (Já são raras as vezes que nos esquecemos deste pormenor IMPORTANTÍSSIMO, colocar o creme ainda em casa, senão vamos para a praia esfoliar crianças. Neura. Nota: se besuntarem crianças em casa façam-no na banheira, senão a casa de banho fica com uma camada de creme do tipo barral que nem à catanada sai de todas e quaisquer superfícies e orifícios por onde é certo se enfiará) Alimentá-las. Neura. Depois começa o STRESS. A lancheira? A água? As toalhas? Os cremes? Os chinelos? Calça os chinelos!! Calçaaaaaaaa!! Anda cá!!!!!!! F(&$F$%&(R$&%$sseeeeeeee! Não vão levar esse nenuco e a casinha do nenuco e o carrinho do nenuco e a toalhinha e merdaaaaaaaaaaaaa para isto!

E é assim, ainda nem saímos de casa e parece que já nos deram 2 bofetões na cara, certeiros, porque a enxaqueca que se adivinha é certa. Tão certa com ainda ter que atravessar a ponte para chegar à praia!

Pezinhos na areia e a batalha campal tem início. Onde vamos espetar o chapéu? Eu com isso posso bem! Estáaaaaaaas a ouvir? Tira-me é a lancheira, a mala das toalhas, o saco dos baldes, as cadeiras, a mochila da muda e a porraaaaaaaaaa dos jornais de cimaaaaaaaaa!! Estáaaaaaaaas a ouvir? Não está a ouvir nada, coitado! Ter de arrastar 2 choronas pelo areal fora é de gritos, ai quero tirar os chinelos! Ai a areia está quente! Ai quero colo! Tenho sede! Dá-me a mão! Ó paiiiiiiiiii! Ó mãeeeeeeee! E tudo isto em dose dupla! Sempre em Stereo! Sempre aos gritos!

Depois é aproveitar como se pode! Até é fofinho ver que estamos a criar 2 miúdas giras! Brincadeiras mega divertidas à beira mar! Ainda os beijinhos salgados! Descansar à sombra do chapéu! Pegar ao colo, fazer cócegas e ESPERA AÍ!!!!

O que é isto na minha perna??? Oh GOD! Fo()//%($%%&$&$(&/sseeeeeeeeeee!
A fralda cede sempre, a melhor marca, as mais caras, ai que dá para usar no banho, ai que não passa nada… Ah pois não, ENTÃO E CÓCO E CHICHI COM AREIA? ASSIM A ESCORRER FRALDA FORA ? PELA PERNA ABAIXO DA MÃEZINHA? HÃ? PORRA! E LIMPAR TUDO, ONDE À VOLTA SÓ HÁ AREIA? HÃ? PORRA.

E volta à carga, resta sonhar com o dia em que regressamos ao trabalho, ah VIDA FÁCIL ESSA DE TRABALHAR!

Caga Tacos ou Meia Leca: a mensagem divina! E a pergunta que se impõe.

Sou baixinha. Que sou. Não serei uma Caga Tacos, antes uma Meia Leca, se é que uma e outra não são a mesma coisa.
Vivo bem com isto. Uso saltos quando estou virada para o sofrimento, quando decido pagar promessas calçada portuguesa afora. Contudo sou uma mulher sábia e o meu conforto acima de tudo, menos fashion, sem dúvida mais ligeireza nos passos.

No entanto há dias e momentos que mais 10cm fariam toda a diferença. E um desses momentos é na pastelaria, em dias que estou de sapatos rasos, e decido almoçar ao balcão.
Ah almoçar ao balcão! Oh Joy!
Para quem tem a possibilidade física de ficar com o topo do balcão a meio do peito, não para mim que fico sensivelmente com o balcão um milímetro abaixo do queixo!

E então?

Então, gorda que estou, só sopas.

E então?

Então, vão lá tentar comer a sopinha sem cenas.

Primeira colherada a direita à boca aberta, tanto que só de olhos fechados! Pingou! Limpa a boca.

Segunda colherada de língua bem esticada, tipo camaleão à caça da mosca. Pingou! Limpa a boca.

Terceira colherada em bicos dos pés, queixo esticado. Nah! Pingou! Limpa a boca.

Colherada após colherada, olhos arregalados por trás do balcão (pelo menos é sempre assim que imagino que o empregado me vê, 2 olhitos por trás da tigelinha da sopa e do montinho de guardanapos, coisa assim pequenina, pequenininha!) braços à aviador e nada, pinga e pinga, couve lombarda colada ao queixo, dedos do pé em verdadeira tensão, rótulas massacradas de tanto estar em pontas, e sempre a maldita da sopa a escorrer queixo abaixo!

Portanto sopas de saltos altos, sandwiches (ou sandes ou sande ou sandochas, sinceramente acho que já arranjavam outro nome para isso do pão com coisas, é enervante porque qualquer um dos nomes me soa mal! Unidose gente, é tudo o que eu preciso, mas isso já nem é preciso dizer!) com sapatos rasos.

E porquê a bela da “Sande” com sapatos rasos? Porque a vantagem de ser mini é que assim, por trás do balcão o empregado que só me vê os olhos, não vê a minha mão constantemente a sacudir as migalhas do peito e a “javardar” tudo à volta, já as pessoas altas, com o balcão ao nível do peito…

Tudo na vida tem vantagens e desvantagens, essa é a mensagem que hoje trago, qual mulher sábia.
Isso e a pergunta que se impõe: Porque diabos os guardanapos do balcão da pastelaria são de papel vegetal?

8 anos de casamento ou as mamas que o Gil preferiu

Faz hoje 8 anos que eu e o Gil casámos, e sim eu podia estar aqui a escrever um post romântico, a dizer maravilhas desta coisa de viver a dois e puxar a lágrima aos mais incautos, mas incrivelmente eu hoje só me lembro do nosso Padre e das suas sábias palavras naquele ido 4 de Setembro de 2004, que amanheceu chuvoso e entardeceu quente e solarengo.

Barnabé Lello Tubi, Padre, da Guiné, de retiro em Lisboa.

Julieta e Gil, após quase 13 anos de namoro avançam com o passo esperado.

"Estamos aqui reunidos... mimimimi... para a celebração... mi bláblámi mi... porque o Gil podia ter escolhido as mamas..."

Hã? As mamas?!

"... o Gil podia ter escolhido as mamas da Fernanda, da Maria, da Beltrana ou da Sicrana, mas não, escolheu as mamas da Julieta e isso é de louvar..."

Barnabé Lello Tubi, com a sua experiência numa realidade tão diferente da nossa, resumiu a coisa ao seu essencial!

E assim estamos, Gil a preferir as mamas da Julieta desde 2004!
Felizes, com 2 miúdas giras de giras, com o pacote todo incluído, beijos abraços amuos estalada (só virtuais) discussões now and then e assim vamos construindo a nossa família!

E já agora gente, sabem que os homens afinal têm a capacidade de se concentrar em 2 coisas ao mesmo tempo? Perguntam vocês em quê?
Mamas!

Da mulher irada ou pessoas que são apenas intragáveis

Nas férias fomos a um restaurante à beira da estrada, no Algarve profundo, comer frango e presunto num ambiente descontraído. É quase inglório lutar contra 2 crianças pequenas obrigando-as a estar sentadas à espera da refeição. Estávamos sentados num avançado tipo esplanada na marquise, quase ao ar livre. As nossas crianças começam a ficar entusiasmadas e levantam-se para brincar à volta da mesa. A Mercês com 2 anos ri-se muito, dá sempre gargalhadas gigantes e a irmã nunca lhe fica atrás. Nem sequer estavam a ser péssimas, e isto sou eu a dizer, a pessoa que não tem rigorosamente paciência nenhuma para crianças “gritonas” a começar pelas suas.  Eis senão quando a “Mulher Irada” dá de si! E por trás de mim oiço-a guinchar que tirasse dali imediatamente as criancinhas que sua excelência queria sossego! (BOLA VERMELHA: O que ela queria sei eu, uma bem dada – percebam o que quiserem). Ui ui minha senhora está a pisar terreno movediço! Levantei-me direita à “Irada” e disse-lhe calmamente que aquelas 2 criancinhas eram o garante da sua reforma e que o melhor que tinha a fazer era agradecer por ainda haver gente disposta a tê-las num país onde fazem tanta falta! Guincho irado: “Não preciso de reforma para nada óooooo!” Ó digo eu grande estúpida, mas isso já não lhe disse que tenho por princípio não entrar em discussões com anormais até por uma questão de dever social! Virei-lhe costas e ficou guinchando, sobretudo porque o meu querido marido, que não partilha do mesmo princípio de sua amada, antes a mesma teoria de uma série de gente: “Cala-te tu grande estúpida, agora aguentas, azar!” (Tive mesmo que o acalmar e pedir-lhe que não desse mais conversa a idiotas); A Rosarinho a perguntar: ”Oh mãe o que foi? O que disse a Senhora?”. Eu a responder: “É uma bruxa Rosarinho, é uma grande bruxa que ali está!"

E então rimos até às lágrimas a imaginar aquilo que lhe devíamos ter dito. Que chato que é isto de nunca dizer o que se quer na hora certa e depois ser tarde demais – há um episódio do Seinfeld que fala disto.

Pérolas a usar numa próxima vez, talvez até com o Miguel Sousa Tavares que é da mesma estirpe:

- Pedir ao empregado que lhe vá entregar um chá de camomila à mesa (sugestão da Filipa);

- Educadamente dizer ao marido da Irada: “Um Senhor tão bem parecido acompanhado por esta avantesma, não estará a perder o seu tempo?”;

- Cara senhora corte os pulsos. (Muito educadamente claro está!);

- Levar a criança ao colo, no final da refeição e dizer-lhe: “Manda beijinho à Senhora, diz adeus!”;

- Agarrar no telemóvel, tirar-lhe uma foto e ameaçá-la com um: “Estás tão no facebook “Mulher Irada” (uma das minhas favoritas);

- Dizer-lhe apenas: “Tem que levar com as minhas filhas, e eu tenho que estar aqui a levar com essa cara de Monstra, não sei o que é pior! (esta é do Gil, numa versão mais educada!);

- Caríssima isso resolve-se na cama! (A minha versão hardcore!);

- Vai bardamerda! (A minha versão muito mal educada!);

Fiquei assim com um gosto amargo por não lhe ter dito mais nada, mas fica a experiência para uma próxima vez que me cruzar com uma qualquer criatura irada.

E é isto bardamerda com Iradas! Haja paciência!

Afonso, o cão de loiça e Julieta, a pessoa

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