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22.10.14

Li agora mesmo num blog a frase: “Ooooh Rennée!”.

E não, eu não digo o mesmo.

Não sei se a Rennée fez plásticas, se a Rennée envelheceu, se a Rennée enfiou a cara sabe-se lá onde.

Aliás, eu nem tenho por hábito comentar estas cenas. Tenho muita falta de pachorra para estas merdas se querem vos diga.

Ainda assim a Rennée chamou-me a atenção e fez-me pensar.

Imagino uma Rennée, como tantas Rennées por aí fora, desanimada com  a idade, com a imagem, com o camandro, os camandros da vida dela.
Imagino uma Rennée que decide alguma coisa para si. Imagino uma Rennée que decide seja o que for. Plásticas, não plásticas. Ser velha, aceitar velhices. Seja.

Imagino uma Rennée que após as suas decisões sai à rua. 
Imagino uma Rennée que decide por si. 

Imagino uma Rennée que se aceita assim.

Após tudo e seja lá o que for. O que tenha sido.

E se deixa fotografar.

Acreditando em si e nas suas decisões.

E depois vejo o mundo.

“Ooooh Rennée”!

E só me apetece mandá-los todos à grande e gloriosa merda.
Bardamerda, ó mundo!

E? E, pessoas?
O que é que vocês têm a ver com isso?
Que imagem idealizaram de uma pessoa, endeusando-a? Que ideia tinha o mundo de como devia ser e que assim é que estava bem? E? E agora, que não vos satisfaz, vá pedras, vá comentários sarcásticos, vá apocalipses opinativos.

Se fossem todos à grande porra mais os comentários fraquinhos de como acham que os outros se devem ou não comportar, de como acham que os outros se devem "plastificar" à vossa imagem, ao vosso ideal… parêntesis, pessoas, parêntesis, que é para ficarem  a pensar…

Há uma semana todos defendiam as “banhas” da outra miúda, que por sinal está até muito bem! Ai coitada, está tudo parvo, a miúda está óptima, e a culpa é do fotógrafo pelos maus ângulos ou a culpa é de quem decide o que publicar… a sério?

Vão-se catar, vão-se ver ao espelho, preocupem-se com a vossa vida, com a vossa imagem, deixem os outros.

Sacrificações? Hoje? Amanhã?
É estúpido!

Quem são vocês? Quem sou eu?

Pessoas, vamos tentar ser um bocadinho menos reflexo dos nossos medos?

Vamos todos ficar velhos, assim a vida nos permita, vamos todos tentar melhorar, vamos todos errar, vamos todos arriscar, e vamos estar aqui. Todos os dias. Uns com os outros. Então para quê fazer disso uma grande merda?

Parêntesis… que é para ficarmos todos a pensar.

E sabem? Eu fiz uma franja. Outros fizeram outras coisas que mexem com a sua imagem, com o seu ideal. A minha franja já não está tão gira como no primeiro dia. Mas eu gosto dela. Sinto-me bem. Diferente. Mais nova ou mais velha isso já é problema meu. Aprendam a aceitar, eu estou  a fazer por isso. Todos os dias.

Boa semana, pessoas!

17.10.14

A arte de colocar gente no sitio certo.

Eu nem estava a perceber muito bem que aquele ía ser um momento memorável. O meu momento Gato Fedorento. Assim. Do nada.
Perdida que estava lá para os lados da Damaia, essa bela urbe às portas de Lisboa.

O meu Gps, que é o meu terceiro Gps, e que apesar dos anos e da evolução das tecnologias continua tão xoné como o meu primeiro Gps, e a única coisa que tem de muito divertido e que me garante risadas diárias é o facto de ser em Inglês. Pessoas, garanto-vos que Marquês de Pombal dito pela senhora inglesa liliputiana que lá vive dentro é hilariante.

Então que estava eu perdida algures na Damaia, a uma hora em que passavam poucas pessoas.

Numa passadeira avisto um tipo grandalhão. À minha frente um carro quase o atropela. Eu paro junto dele e meto a cabeça de fora. 

O tipo grandalhão grita impropérios e manda o incauto condutor à grande merda e para outros sitios que nem eu me atrevo a repetir.
O tipo grandalhão não tem dentes e cospe-se todo, tal é a fúria.
Normalmente eu passaria depois de o deixar passar a ele, para que não se enervasse ainda mais e não me grunhisse cenas do demo directamente da sua boca desdentada e negra como carvão.

Mas não. Achei naquele momento que este era um tipo que sabe coisas. Ruas e tal. Um tipo que sabe coisas é coisa rara no nosso país.

A fúria passou-lhe rápido e com um grande sorriso cheio de correntes de ar explicou-me o caminho. Todo muito explicadinho! Um fixe!

Então que fui. Atrasada, em modo nervos à flor da pele, acelerando o possível, baralhada de todo com as explicações dadas pelo tipo que sabe coisas.

É então que atrás de mim se cola um outro carro. 

- Ó raio! Passa por cima! Fónix, só me faltava agora este! 

Sabem quando procuramos uma rua e vamos devagar para não passar nenhuma saída e de repente temos um apressado atrás de nós? Pois!

- Passa por cima, meu! Fónix, só não me sai o euromilhões! Caraças para este gajo…

Atrás de mim esbracejando e fazendo sinais de luzes, lá estava, o meu troll do dia, indicando-me o caminho com aceleradelas e guinchos de tubo de escape!

- Alguém acredita na minha sorte?

Ali estava o meu momento Gato Fedorento, o meu momento siga, siga, siga!
Fiz 3 ruas e um beco com o Mr Sorrisos atrás de mim, esbracejando freneticamente, colado ao meu carro, gritando para os outros carros sem deixar ninguém meter, para garantir que me levava até ao meu destino.
E eu ao volante a gritar cenas do tipo: E agora, meu? Ah o.k.! Tá-se bacano! És um granda fixe! 

Ri até às lágrimas.

Cheguei ao meu destino. À minha espera uma Senhora com ar de Bibliotecária Prega Bíblias. Perscrutando-me com um olhar 33. E eu atrasada! Cerca de 5 minutos, mas para esta senhora mais parecia que o mundo acabava e ela ali à minha espera! Há tipos que sabem coisas e há senhoras que educam o mundo. 

O meu amigo voltou a brindar-me com um mega sorriso cavernoso e muito amistoso e eu ali fiquei numa rua da Damaia a dizer-lhe adeus, obrigada, és um fixe, meu! Pois eu não estava a ver bem o caminho, não! Tens razão! Obrigada por me perseguires! Adeus! Adeus!

Fossem todos assim, colocadores de pessoas nos sítios certos, sobretudo à frente de senhoras educadoras. Imaginam o que o nosso país poderia ser? Imaginam como tudo funcionaria? 

Pois era, o Crato poderia ir à sua vida, em recta, sempre em frente, seguia, seguia, seguia, assim mesmo sem olhar para trás, seguia, seguia, seguia e deixava o cargo para quem sabe. Para um tipo que saiba coisas, que lhe diga umas coisas, que o coloque a ele a milhas daqui. Seguia, seguia, seguia! 

Ah isso é que era… infelizmente ainda não se ouviu o sinal de partida… é pena!

Bom fim de semana, minha gente!


15.10.14

O caminho da insanidade.

Vão lavar os dentes, esfreguem bem, lavem, isso, não atirem coisas para o chão, têm que comer tudo, mais 7 colheres, soprem que arrefece, não atirem comida pelos ares, portem-se bem, vão ter que arrumar isto tudo, estão a ouvir? a  mim parece-me bem que sim, vá, pouco barulho, venham lá, esfreguem, com sabão, lavem bem, isso não se faz, nada disso se faz, vá, bora, rápido despachem-se, estamos atrasados, lavem bem, o que é isto? quem deixou aqui os brinquedos todos, isso não se faz, comam, mais 8 colheres, não não são 4 são 8 que eu é que mando, eu é que sei, isso, direitos, levantem-se do chão, não ponham as mãos na boca, para a cama, todos para a cama, esfreguem bem os dentes de trás, comam tudo, portem-se bem, olha cuidado ainda caem, vejam lá, partem os dentes, vão para o hospital, apaguem a luz, pouco barulho, o que é que fizeram à vossa irmã, ai, ai, ai, quantas vezes já vos disse para não pintarem a cara da vossa irmã? que isso não se faz, vão apanhar tudo e arrumar nos sítios, cuidado, muito cuidado a atravessar a estrada, estão a ouvir, vá comam, mais 3, colheradas bem grandes, ai, ai, ai, estão a ouvir?

Podia ter coisas mais interessantes para vos dizer, gente? Podia.

Podia não me preocupar tanto com dentes, estômagos vazios, olheiras? Não podia.

Que vida de mãe é isto.

E agradecem-nos? Nãaaaaaaao.

Podiam não nos chamar más? Horríveis? Malvadas? Quando só queremos que comam e lavem os dentes? Podiam, mas é muito mais divertido picar miolos e levarem-nos à loucura.

Eu estou quase tão louca como o tipo que hoje na loja das fotocópias murmurava cenas de reis e rainhas terra castanha e papéis e cenas indecifráveis blá blá blá assim em surdina sobre reinados distantes.

What the fuck meu, a sério?

Não tarda estarei eu, nos mesmos propósitos numa qualquer fila para comprar peixe ou parafusos ou o que seja. Serei a descompensada das filas, a murmuradora de coisas tão interessantes como 7 colheres, comes 7 colheres e eu perdoo-te o resto, estás a ouvir?

Nice.

Pessoas, vá comam tudo, não deixem nada, vá lá, lavem bem os dentes, limpem bem os ouvidos, cotonete a fundo, ouviram?

Nice.

Boa semana e até ao fim de semana, minha gente! Pijaminha e caminha e pouco barulho, não quero ouvir nem um pio!

Óooo mãeeeee quero águaaaaaaaaa! Assim mesmo quando já fechámos a porta e sonhamos com um sofá e um momento adulto.

É picar os miolos de uma mãe bem picadinhos e polvilhar com pedacinhos de pai.

É o caminho da insanidade não é?

Fui!

14.10.14

Treinos e lições de vida.

Então que voltei aos treinos.
Revi o meu horário, procedi a algumas alterações e agora posso ir ao ginásio também de manhã.
E fui.
A aula cheia, para meu espanto. Cheia de pessoas de todas as idades, mas saltavam à vista as pessoas mais velhas, incluindo a professora.
Como também tenho dias em que sou velhaca, fiz piadinhas para dentro e achei que isto de vir a uma aula do tipo "Cocoon" era capaz de ser interessante do ponto de vista da comédia.
A aula começou e as minhas teorias ligadas ao filme Cocoon e à energia que aqueles alliens davam a uma comunidade de velhotes começaram a fazer sentido.
A professora é uma máquina. Da velha guarda. Rija como um carapau.
Os alunos devem ser daqueles que nunca faltam. Rijos como carapaus.
E aqui a das piadolas, que começou por saltar e pular, que começou por se armar ao pingarelho: "ahahahahah tantos velhinhos, que fofos... todos na ginástica que amores... com esta idade e ainda aqui a tentarem..." logo se remeteu à sua insignificância mal lhe começaram a dar as tonturas devidas ao esforço sobre-humano para o seu corpo de cachalote.
Ah que são velhotes, ah que se calhar isto até vai ser uma aula fraquinha, ah e tal e eu sou muito forte e vou dar uma abada a esta gente e ainda vou estar a bocejar... vais, vais... é que vais mesmo...
Fui, foi o que foi. Ao tapete. Tipo gelatina.
Que é para não ser do tipo cabra.
Paguei-as bem caras. É bem feita.
Pessoas, não se julga ninguém pelas aparências, eu já devia saber isto.
Quase desmaiei. Tremi a cada vez que levantava um peso de nada. Troquei-me toda. Ufa! A dada altura pensei que me tinha colado ao colchão porque não me conseguia levantar. Os meus colegas? Aqueles velhotes? Esses saltavam e pulavam!
Hoje quando lá fui, fui de cabeça baixa, humilde, que isto de retomar o treino é duro, muito duro, mas eu vou conseguir.
Portanto retomados os treinos é hora de aprender outras lições.
E a desta semana aprendi-a bem, doeram-me todos os músculos que eu sabia ter e os que eu nem imaginava que existiam. Sobretudo lá para o lado da consciência.
Boa semana, gente!

3.10.14

Hoje é um daqueles dias do ano ou assuntos sem qualquer interesse senão para mim mesma.

Hoje vou ao cabeleireiro.
Costumo ir ao cabeleireiro 2 vezes ao ano, no máximo. Das 2 vezes arrasto-me como se fosse para o purgatório. Detesto.

Hoje é dia de madeixas para disfarçar os brancos. Puta da idade, é o que é. Desculpem, gente puritana, é puta da idade mesmo. Anda com uns e com outros e não parece querer parar, valha-nos isso, que é uma puta fiel.

Ora bem... ou ora mal, do meu ponto de vista... quem me lê por aqui, sabe de alguns dramas capilares por que já passei ou da minha sorte com cabeleireiras. Ele é vesgas, ele é Psico-maníacas-bipolaroides, enfim, divorciadas à procura de marido, daqueles com o cérebro nas partes baixas e com muito músculo... you name it!

Ora que da última vez que cortei o cabelo, com uma profissional que não me deixou saudades, nomeei uma outra com quem tinha sido muito feliz nas últimas madeixas que fiz e num corte maravilha que me tinha deixado em modo selfies para a esquerda e para a direita.

Fui então procurá-la.

Ora que esta senhora cabeleireira, que até é uma excelente profissional é também larápia e deu o golpe no salão onde trabalhava.

E agora eu estou orfã de cabeleireira. Again!

Portanto à vesga, à louca insana, à mal amada, junta-se agora a desviadora de fundos.

E então que hoje vou experimentar outra cabeleireira, a dona do salão surripiado, que espero eu já esteja mais calma e com os nervos no sítio.

Ó gente, é que não dá para usar este estilo das cavernas muito mais tempo e o alisamento de Março começa agora a desaparecer... se soubessem como eu gostava de ser uma daquelas mulheres parisienses, com o pescoço perfeito, a altura ideal, as proporções todas correctas para usar um cabelo curtinho... suspiro, gente, suspiro!

Desejem-me sorte que bem preciso...

Bom fim de semana, pessoas!