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22.5.13

shama láaaaa… irra lá láaaaaa… ooooooom… shama láaaaa… irra lá láaaaaa...manamanéeee!


Há uns anos, há muitos anos, na minha outra vida, aquela outra dimensão em que eu vivia sem saber o que é ter filhas, frequentei aulas de ioga, Ashtanga Yoga.

Eu podia agora divagar coisas do género: por aquela altura eu sonhava tornar-me surfista (nem nunca cheguei perto de uma prancha de surf mas lá que a cena é muito fixolas, lá isso é!) e praticar ashtanga lá na Índia… hum, não, rapidamente percebi que é cena que não me assiste, sou um espirito demasiado perturbado para atingir a perfeição em aulas de yoga no centro de Lisboa, inserida numa turma de, essa sim, gente do incenso e do abraço fraterno, gente que fica abraçada a nós mais que minutos, assim encostados com as duas palmas nas nossas costas a murmurar… cenas… da paz! Mais que minutos… muitos… minutos!

Tapetes encostados uns aos outros, gente descalça, gente descalça e cabeluda das pernas, gente do natural! Gente que começa o dia a saudar o sol em pranchadas para o tapete, todos juntos a cantar (?) mantras (?) ao sol (?) e eu, herege, apenas a conseguir murmurar qualquer coisa como “shama láaaaa… irra lá láaaaaa... manamané...” (desculpem, não é falta de respeito, pessoal do incenso, tá-se! Só nunca se esteve na mesma sintonia e nunca, nunca consegui perceber o que diziam, sou um caso perdido… eu sei!“shama láaaaa… irra lá láaaaaa...manamanéeeee”!).

Como nunca fui grande espingarda nesta coisa do exercício físico, e com esta minha mania de observar o que se passa à minha volta, sempre alerta (olho vivo!), tive desde a primeira aula uma enorme dificuldade em lidar com tipos com 1,85m a arfar mesmo à minha frente, A ARFAR! INSPIRAAAAAAAAAAA, EXPIRAAAAAA e num salto ficarem em modo cruzeta de olhos esbugalhados apoiados apenas numa mão com um pé a roçar as orelhas e o outro pé sabe Deus(es) onde! Ó GENTE sabe Deus(es)ONDE PÁ! Com os olhos postos em mim sem me verem… esbugalhaaaaaaados! 

E eu, pessoa de gargalhada fácil, pessoa que chora a rir quanto mais tenta não o fazer, E O TIPO A ARFAAAAAR e eu só a lembrar-me do Saci do Sit(x)io do Picapau Amarelo e a atirar-me em prancha para uma posição inventada na hora, cabeça bem enfiada junto a um rim, que é para que ninguém visse o estado de risota em que eu estava, a fingir que arfaaaaava! Umpfffff, umpfff, em queda livre soltando o sapo que havia em mim e aterrando no tapete a 0,20m do pé da colega do lado, e eu tenho esta coisa com pés, eu tenho esta COISA com pés! Não dá… Expira, Julieta, expiiiiiiiiiiiiiiiira!

E com isto dos pés, recordo-me daquela altura em que frequentei um curso de teatro, em que aprendíamos a fazer de casulo de várias lagartas, enrolados uns nos outros, a nascermos em união(OKAI, estou a tentar escrever isto seguido porque foi mesmo assim, nós eramos um casulo e nascíamos… assim mãos para baixo e depois para cima e depois para baixo e cima e baixo e cima e baixo… muito lentamenteeeeeeee… lentoooooooo!) e no meio do enrolanço, com 30ºC, em pleno mês de Julho, quando a unhaca do pé de uma colega arrancou pele do pulso (ESTÃO A VER O ENROLANÇO… deprimente ou arte… estou para saber!) de outro colega, quem esbugalhou os olhos foi aqui esta vossa amiga. Discretamente sai para o almoço e esqueci a minha carreira artística! Será que as lagartas tiveram sucesso? Não sei, é que tenho um problema com pés assim tão perto!

“Shama láaaaa… irra lá láaaaaa” ainda que mal dito, o sol voltou gente e é merecedor de grandes saudações, bora lá, gente boa, “shama láaaaa… irra lá láaaaaa… ooooooom… shama láaaaa… irra lá láaaaaa...manamané...”!

nota: o ashtanga yoga deixou-me saudades, a casa vinyasa será sempre uma referência para mim e uma boa recordação de bons velhos tempos! Eu é que sou de riso fácil e desconcentrada e descompensada e... por aí fora!

21.5.13

A descompensada ou aquela pessoa que vive em minha casa e que os vizinhos apenas ouvem gritar ou Eu


Não se deve gritar com as crianças, deve-se apelar ao diálogo, com calma fazê-las ver que a sua forma de agir por vezes não é correcta e com uma boa conversa levar “os barcos” a bom porto.

Hã? Ah está muito bem.

- Rosarinho vai lavar os dentes… (1, 2, 3, 4…) anda… por favor… vai lá… (não grites Julieta, não grites!) estás a ouvir a mãe?... ( não vou gritar, não vou gritar, não vou gritar…) por favor… Rosaaaarinhoooo… a mãe está atrasada… por favor… por favor… por favooooor!

Não dá pessoas! NÃO DÁ, BRILHANTES DA PSICANÁLISE, NÃO DÁ E TENHO DITO!

ROSARINHOOOOOOOO ANDA LAVAAAAAAAAAAAAR OS DENTESSSSSSSSSSSSSS! GRRRRRRRRRR!ARGGGGGGGGGGGGG! JÁ IMEDIATAMENTEEEEEEEEEE!

- Mercês anda vestir o pijama… por favor… (1, 2, 3, 4…) anda… por favor… vai lá… (não grites Julieta, não grites!) estás a ouvir a mãe?... ( não vou gritar, não vou gritar, não vou gritar…) por favor… Mercêeeeees… já é tarde… por favor… por favor… por favooooor!

MERCÊEEEEEES ANDA VESTIIIIIIR O PIJAMA! GRRRRRRRRRR!ARGGGGGGGGGGGGG! JÁ IMEDIATAMENTEEEEEEEEEE!

- Não façam tanto barulho, por favor! Estão a incomodar as pessoas, por favor… por favor… por favor… CALÔOOOOOOOOOOOOOOOO! JÁ!

É quando o berbequim me atinge o cocuruto, tzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzztttttzzzzzzzzzzzzz! E há dias em que parece mais uma moto-serra tímpanos adentro! Também temos dias em modo martelo pneumático! Trrrrrrrrrrrrr!Trrrrrrr!TRRRRRRRRRR!

Como não gritar? Expliquem-me como se eu fosse (que até serei) muito burra! Eu, mãe das cavernas lido muito mal com “ pedidos feitos dezenas de vezes”, sim, gente, eu antes de me descabelar já pedi, já implorei, já roguei! É como se nada fosse! Estão-se nas tintas!

As minhas amorosas e queridas filhas são umas miúdas muito porreiras, que são, quando querem, quando não estão para aí viradas, só lhes falta as ventosas nas mãos, porque se as tivessem até no tecto elas andavam! E não, não estou a exagerar!

Portanto vizinhança zen que habita no meu prédio, gente do amor, com quem me cruzo, pessoas da paz e do malmequer na orelha, mamãs nestlé à porta do colégio, aqui esta vossa amiga antes de se ter descabelado, antes de gafanhotar tudo ao seu redor, antes de esbracejar que nem uma possessa, já pediu, já implorou e já rogou, já falou baixinho, tentou manter a calma, mas passou-se… passou-se… que o sangue ainda me corre nas veias! Ah se corre!

Quantas vezes já vos aconteceu, depois de fazerem de tudo para não gritar, mas os pequenos infantes vos levaram ao extremo, e já só quando estão aos gritos e embruxadas, é que passa uma mamã nestlé com olhar reprovador, toda ela lufada de ar fresco, toda ela “laqué e rímel”, toda ela mulher e mãe realizada, e vos fuzila com olhares de horror e avança com pezinhos de lã e sapatinhos de princesa?

Bardamerdinha! Que é para não dizerem que eu além de descompensada tenho a língua afiada!

Boa semana, gente! Vou ali pôr-me de perninhas à deusa hindu e dedinhos espetados para baixo a ronronar “Ooooooooom… oooooom! A ver se resulta! OOOOOOM!



16.5.13

Ca nervos, pá!


Partilha de "Ca nervos, pá":

Supermercado Minipreço, o caos, ainda que vazio, uma fila, sempre interminável, ainda que só uma, e apenas uma pessoa esteja à nossa frente. O trrrrtrrrrtrrr da máquina registadora lenta, muiiiiito leeeeeenta.

E graças a quê? À empregada maldisposta e trombuda com umas unhacas de gel coloridas e ilustradas com desenhos mega pirosos e todos os brilhantes e mais houvesse? Não.
A pessoa de 120 anos à nossa frente com todo o vagar deste mundo a retirar as compras do cesto para o tapete? Não.

O problema e aqui a partilha deste "Ca nervos, pá" é aquele sistema "resmas de cupões" de desconto. Mas quem diabo se lembrou que aquilo poderia funcionar? Não funciona, empata, dá confusão, na maioria quem os usa já nem vê bem, julga sempre que tinha desconto nisto e naquilo, é desesperante para quem está atrás e V~e serem sacados montes de papelinhos dos "portemoedas" das senhoras, muitos e todos muito enroladinhos, "crepes" de descontos, e aquele lanzeirice da funcionária, aquela neura a subir, o desenrolar molengas do monte de papelinhos, e o enrolar de volta, leeeento, leeento!

Ca nervos, pá!

Um cartãozinho não resolvia a questão em três tempos?

Haja pachorra!

15.5.13

Família

Não sou muito efusiva com dias de "coisas" mas este dia, até de mim, pedra empedernida, merece ressalva. Portanto gente, feliz dia da família! Esse aglomerado de gente que nos calha em sorte e que faz de nós o que somos, o que fomos e o que poderemos vir a ser. E a esta família junto a família que eu escolhi, aquela que vá-se lá saber porque razão, estratosférica, félinica ou apenas porque sim, esse outro aglomerado que dá pelo nome "grupo de amigos", que são isso tudo e muito mais, grupo de sempre, porque tenho muita sorte, apesar de não me sair nenhuma quantia choruda numa casa da sorte, sou rica de amigos, e sim, são poucos, são bons, mas os tesouros mais raros são os mais valiosos. Feliz dia da família!


10.5.13

A Rosarinho um dia destes disse assim:

- Deixa lá mãe, daqui a uns anos eu e a Mercês crescemos e vamos embora e tu podes ficar com uma mantinha a dormir no sofá.
- !?


Portanto aqui fica, para memória futura e para quando a Rosarinho e a Mercês perceberem melhor o meu conceito de filhas crescidas e criadas.

- Meninas, por essa altura aqui a mamãe estará a fazer qualquer coisa deste género. Ora atentem:






9.5.13

Momento 3

Afinal já aconteceu e é de facto digno de nota.

Então que lá fui ao dia das mães no colégio. Tudo muito bem. Ou tudo muito mal. Como são duas filhas, são 2 festas. E como sou da acérrima opinião que cada uma deve ter o seu momento com a mãe, vou à vez a cada sala e não levo uma para a festa da outra. 

Após a festa da Mercês tive que correr para a festa da Rosarinho, edifícios diferentes, lados da avenida opostos. 

Mercês a começar a soluçar quando lhe explico que vou ter com a mana e blá blá blá... Mercês a chorar e eu a explicar tudo, a verdade verdadeira que não quero cá traumas do tipo tu mentiste... Não, na não! 

- Mercês enquanto a mãe vai e vem tu ficas com o IPad e tomas muito bem conta e brincas um bocadinho, pode ser?

E, minutos depois quando atravessei a avenida para o lado de lá, fui transportada em LOOoOOoOoOoOoP para dias atrás quando tive a feliz ideia (FELIZ?) de me fotografar em cuecas e soutien frente ao espelho com o iPad à frente da cara. Quando tive a FELIZ (?) ideiaaaaaaaaa ( mesmo agora estou aos gritos, gritos introspectivos, ai ai ai eu as minhas tristes ideias!) De que caverna saí eu senhores? De uma bem funda, a ver pela bela da fotografia em cuecas, com o pior soutien da história, mamas descaídas? Peanuts, aquilo são melões enfiados num soutien coçado... Ai esperem não é coçado que se diz é... Ah... Anti... Confortável... Homens... Soutien de domingo de faxina! Isso! Podem imaginar?

Esta fotografia tinha o absoluto propósito de me fazer cumprir a dieta e sonhar com o dia em que a colocarei ao lado de uma outra fotografia, a do depois, em biquini, bronzeada e tal... Esta fotografia tem cumprido a função gente, Ah se tem!

E o que é que isto tem a ver com a santa da criança ficar com o IPad enquanto eu vou ali e já volto? 

Não era sequer um problema NÃO SE DESSE O CASO de que o maior delírio da minha rica filha Mercês é o absoluto fascínio de passar horas a ver fotografias no IPad! 

Portanto pessoas, não sei quem viu, não sei se viram, nunca saberei, resta- me imaginar!

Daí minha boa gente, o momento 4, o momento em que entro no colégio do outro lado da avenida e peço um punhado de bolachas Maria... Para me acalmar os tremores, não sei se da quebra de tensão ou da possível imagem das educadoras de volta do IPad e eu com o soutien confortável! CONFORTÁVEL! 

Posso? Eu posso com isto caros? Posso sim, que uma mãe pode tudo! A miúda a chorar é que não! Resta-me fechar a goela e sonhar com a fotografia do depois! Rica sorte a minha! Confortável... Pois tá bem... Pfffffff! Vou ali ver catálogos de biquinis masé! Fui gente!

8.5.13

Momentos da vida desta pessoa.


Momento 1: Uma miúda dos seus 20 anos em conversa com a mãe na fila do supermercado mesmo atrás de mim, pois claro.

- Amo o instagram de uma rapariga que é fotografada pelo namorado sempre de costas, de mão dada com ele pelo mundo. Ela é linda. Tão linda. Está grávida. Ela é linda, mas yá, tá um bocado gorda, gorda porque está grávida. Ela tem uma vida…uau…sempre a viajar. É do jetset. Linda. A irmã dela linda. Têm imenso dinheiro. Mas fartam-se de trabalhar. Têm lojas e marcas e roupas. Yá a barriga de grávida está mesmo feia. De certeza que o bebé vai ser feíssimo. Ela é linda, percebes? O namorado é lindo, percebes? A mistura dos dois é que eu não estou a ver, deve dar um bebé mesmo feio!

Tudo isto a sair da boca de uma miúda texuga, atrás de mim na fila do supermercado. Haja dó!

Momento 2: fotografar as manifestações do 25 de Abril.

Eu a perguntar às pessoas se posso tirar uma fotografia. Eu a escolher a dedo cromos. Gente do 25 de abril, anti-fascistas, comunas de alma e coração, gente do cravo na lapela. E um histérico. Barbudo.T-shirt do Che. Agarrado a mim na avenida da Liberdade. A gritar impropérios para o Big Brother. HÃ? Ó amigo, Big Brother? Então e o 25 de Abril? O Che ao peito? Agarrado a mim gritava a plenos pulmões tudo o que lhe ía na alma e o ódio por esses que vão para a televisão para o Big Brother! Os dois abraçados na avenida da liberdade a sermos fotografados e eu a pensar: “Okai, Julieta livra-te agora deste imbróglio!”. Haja dó!

Momento 4: Estou finalmente em dieta. A da Ágata. No pasta. No rice. No nada. Rien. Nicles. Já aguento há 13 dias. Agora é aguentar.

Um dia que me esqueço dos lanches e ai que dá um abanico! Em pleno dia das mães no colégio. 2 Salas diferentes. 1 Comemoração para cada filha. 1 abanico com direito a copo de água com açúcar na primeira das comemorações. Na segunda comemoração ai que dá outro abanico. Uma mão cheia de bolachas Maria, a primeira e única grande prevaricação desta dieta. E a explicação para o momento 5.

Momento 5: dia das mães no colégio e eu a soltar a franga. A histérica que há em mim e a saber-me tão bem!

Já recomposta do abanico! Caça ao tesouro. Percurso definido pelas professoras. Por todo o colégio. Crianças em êxtase. O meu grupo só de mães porreiras. O outros de mães queridas (algumas conhecem o blog é melhor ser meiguinha!) mas molengas, cansadas, sem vontadinha nenhuma de subir e descer escadas. E eu. A que acha que se é para participar então Go Julieta, Go! Escada abaixo, escada acima, o nosso grupo aos gritos. Eu a soltar gritos e agitar os braços no ar. Mayday! Mayday! Gargalhadas e muita correria, e claro está que ganhámos! Pois é! E da forma mais divertida!

Os momentos que me esperam nas próximas semanas é fotografar  fotografar, editar (blhac!), editar (arg!) e editar (s.o.s!). Ao mesmo tempo trabalhar e ser mãe e ser eu (um bocadinho  e só às vezes)!
Ai gente! Vai ser trabalho árduo, que vai! Aguentarei e sem esparguetinho nem arrozinho, nem pãozinho, mas e atentem nisto, com BIKINI, ó iéeee!

E já agora e antes de ir encontrar o que fazer, porque raio nas listas de “dótora” Ágata e, sejamos justos, de outros nutricionistas, tudo passa a ser tratado por “inho”. Então que hoje pode comer um BIFINHO, um OVINHO, um PAIOZINHO… tão irritantezinhuuuuu senhores!

Então caríssimos aqui fica um até já(zinhuuu)!