.

8.7.15

É toda uma cena. Ó sorte, marreca!

Uma mulher entrou na loja e deu-me umas palmadas no braço, olhou-me de soslaio, garantiu ser da polícia judiciária e após gritar que queria santos antónios, fossem como fossem, ainda rogou 3 ou 4 pragas, indecifráveis entre os gafanhotos que me lançou. Espetou um dedo, bem espetado, lançou raios e coriscos e saiu porta fora. Uma única vez e pareceu que não tinha fim. Ó sorte, marreca!
Tenho um canteiro que precisa de ser arranjado. Lá no canteiro estão umas flores que abrem quando apanham sol. Do outro lado do canteiro costuma estar um tipo, gordo, com cabelo oleoso, com uns calções acima do umbigo, daqueles que arrepanham o rabo, e encaracolam no entrepernas, para completar usa daqueles pólos à Wes Anderson, anos 70, em tons de nódoas, castanho e cor de tijolo. Grita impropérios enquanto afaga as flores do meu canteiro. Volta e meia dá-lhe para isto. E eu penso nas florinhas e nos arranjos que tenho que fazer no canteiro. Ó sorte, marreca!
Um vizinho tem lugar cativo para o carro. Assim que lhe bate o sol, coloca um lençol em cima do tejadilho, e depois uma manta, prende tudo, muito bem preso com molas da roupa e mira o dever cumprido. Todos os dias. Em frente à minha janela. Ó sorte, que tinhas que ser corcunda!
Na loja dos recuperados, cheia de tesouros, uma mulher, baixinha, guincha bom dia, e ai de quem não lhe responda. Sempre. E ainda por cima a senhora é marreca. A senhora e a minha sorte!
Eu e doidos temos uma cena comum. Estamos sempre no mesmo sitio e à mesma hora. É uma coisa que nos assiste. Um GPS infalível. At the roundabout make a u-turn. Nunca falha.
É isto, pessoas! Não falha. Boa semana!

3 comentários: