Cestos de verga? Flores secas? Alecrim? Conversas escritas em modo poema? Tricot? Lãs e algodão? Pores do sol? Praias vazias? Tons pastel? Pausas? Mindfulness? Rodopios? Mãos dadas? Canecas fumegantes? Pão tostado? Iogurte grego decorado com papoilas? Olhares lânguidos? Versos de amor? Gatos persa? Ardósias? Giz branco? Madeiras claras? Corridinhas seguidas de paragens acompanhadas de sorrisinhos? Rodopios? Mãos ao alto? Manta de xadrez? Macramé? Tisanas? Café com leite? Café sem leite? Rosa? Azul? Alfazema? Branco? Tão branco? Tão, mas tão branco? Pézinho no ar? Boquinhas? Selfies em tons pastel? Maridos de telenovela venezuelana? Maridos lânguidos? Bebés pastel? Crianças pastel? Crianças enlaçadas? Crianças de cera? Biscoitos? Copos de leite? Leite de amêndoa? Óleo de amêndoas doces? Ovelhas e carneiros? Campos a perder de vista? Lareiras crepitantes? Frascos de vidro? Rodopios?
Rodopios!
Assim de braços abertos, na fila do talho, ó senhor do talho prepare-me uns medalhões, mindfulness nisso, meu caro senhor do talho, corte com gentileza, enquanto eu chapinho nestas pocinhas à porta do seu estabelecimento e tiro uma selfie. Depois publico no blogue a perfeição de uma ida ao talho, eu em fofa pastel, a dar saltinhos enquanto penso na receita com alecrim que vou cozinhar no meu fogão a lenha.
Rodopios!
Com olhares lânguidos na drogaria a comprar cal, para caiar o lugar de todos os afectos, e fio de algodão e cestos de verga, ó senhor da drogaria eu estou a olhar de lado porque fico mais gira de lado, não, não sou alucinada, a cabeça tombada para o lado é sinal de ternura, de mantas de xadrez e tisanas fumegantes, eu em modo fofo, tão, mas tão fofo.
Rodopios!
Macramé. Crochet. Tricot. Selfies no meio das lãs. Em posição número nove do namasté das saudações ao sol. Não, não estou marreca, gosto de estar assim, em mindfulness com o meu body. Não, não são sementes a mais nos molhos de rúcula que como em golfadas esfomeadas nem sementes de chia em doses exageradas de overnight oats directamente do frasco. Não. São entendimentos do meu interior. Tão eu. Tão nós. Tão sempre assim. Assim, tão, mas tão assim. Não estou marreca, apenas sou.
Rodopios!
Ó vida, ó eu, ó cestos de verga e dedos encarquilhados do peso! Ó leite de amêndoa que não sabes a nada! Ó flores secas que se desfazem em pó e sujam tudo! Ó alecrim aos molhos e já se sabe, choram os meus olhos! Ó tricot, cena dos infernos que mete duas agulhas e tanta contagem e aumentos e diminuições e a minha professora de matemática do 5º ano à minha frente a gritar: ouve lá tu não aprendes nada? Gatos e pelos, pelos e gatos! Crianças, gritos, ranho, birras, mindfulness na gritaria ménes, mindfulness na gritaria! Macramé, namasté, salamalé, lelé, da cuca lelé! Rodopios, pézinho no ar, saltinhos em pocinhas, marreca, tão, mas tão marreca! Ó casa imaculada, excepto ao sábado de manhã, pilhas de roupa em dias de inverno, chuvosos e cinzentos, húmidos, tão, mas tão húmidos. Panelas que cospem comida, chaleiras que vertem, café derramado em atrasos adormecidos, despertadores que não tocam. Trânsito, tão, mas tão compacto. Ó pó dos infernos que entranhas na mobília, e na minha versão de acumuladora compulsiva. Ó crianças fofas enlaçadas em dedos pegajosos, espetados nariz acima a escarafunchar salões decorados a verde. Ó vida que corres ligeira de todas as cores, umas vezes mais escura, umas vezes mais clara. Tons de coisa que foge por entre os dedos agarrados às esfregonas , tão, mas tão rodopiantes.
Rodopios? Só se com a esfregona, tão esfre, tão gona. Tão assim.
Namasté, meu povo, mindfulness no té e no salamalé!
E depois é pegar na máquina fotográfica, registar tudo e partilhar essa cena tão, mas tão edílica que é a vida, ao sábado de manhã, no pós guerra doméstico.
Mindfulness, ménes!
Nunca serei uma bloguer.
Bom fim de semana, namastés do meu coração. Batem forte, tão, mas tão cá dentro!
Muito, muito bom!
ResponderEliminarAssim de repente cabem neste texto os blogs com hora marcada, os das princesas, os dos macramés nas paredes e os que quase "vendem" os filhos pelas internets. :)
ahahahahaha adoro as bloguers de cafés e chás fumegantes, camas brancas e fofas, crumbles com paninhos enrodilhados em volta da tarteira como se fosse por acaso. O problema é quando é preciso, efectivamente, viver. Kinfolks e viver devagar. Tudo muito lindo
ResponderEliminarPosso partilhar???? Está genial!!!!!
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